Quinta-feira, 17 de Junho de 2010

Santaria um culto ou uma religião?

A maneira de introdução rápida, a religião da nação Yoruba da  Nigéria, em Africa Ocidental, chegou a América via Cuba, onde  se havia preservado sintetizada com o catolicismo. A religião se conhece também como Regla de Ocha, ou a religião lucumí. Varias  religiões equivalentes se praticam no Brasil e, também em Africa ocidental.

Pessoas ignorantes, racistas, o prejudiciais podiam considerar a Santeria como um culto, ou uma religião sincretista ou animista como  uma maneira de diminuir a sua importância e dissipar a profundidade dos seus mistérios. No entanto a Santeria é uma das grandes religiões do mundo, comparável ao hinduísmo ou a religião do Egipto antigo.

 

Têm uma teologia completa, uma completa tecnologia metafísica, e uma tradição ancestral de elaborados e coloridos rituais. Ademais de isto, é uma religião de mistérios iniciados a semelhança dos célebres mistérios de Eleusis que se celebravam na Grécia da antiguidade, mas que a diferencia de aqueles segredos que se perderam por ser tão bem guardados, sobreviveram por milénios relativamente com poucas mudanças. A maneira de aclarar, apesar do nome popular como é conhecida, a Santeria não consiste num culto a santos católicos.

 

Estas eram só mascaras que assumiram os Orishas para poder sobreviver durante a escravatura no corações dos seus devotos. Os Orishas são as divindades dos Yorubas, e a palavra “santo” é só utilizada devido a conveniência e a familiaridade.

Os Santeiros conhecem Deus como Olorún (Dono dos Céus) ou como Olodumaré. Existe um número indefinido de Orishas, ou de divindades, que ajudam Olorún a distribuir o aché a toda a criação, e são vistos como aspectos de Olorún. Aché se traduz como vitalidade, poder, graça, ou bênção. As mais importantes de estas divindades são:

 

Obatalá, o Rei do Tecido Branco, amado Orisha paternal da pureza  e da rectitude.

Eleguá ou Echú, Orisha da comunicação que abre os caminhos e faz travessuras.

Yemayá, a Mãe dos Peixes, Orisha do mar, os segredos, a comunidade, e da maternidade.

Changó, que na vida era o Rei da cidade sagrada de Oyo, Orisha da estratégia e da vitoria.

Ogún, o Orisha dos ferreiros, o ferro, e é o patrono dos inventores.

Oyá, a guerreira barbuda, Orisha dos tornados, a morte, os ventos, e as mudanças.

Ochún, Orisha do amor, da feminilidade, do sexo, do prazer, do dinheiro, e dos rios.

Ochosí, o guia, Orisha da caça e da pesca que mora no bosque com Ogún e Osain.

Osaín, Orisha das ervas e das plantas.

Orunmila, Orisha da sabedoria e a testemunha do destino.

Babalú Ayé, Pai do Mundo, Orisha da pestilência, patrono compassivo dos anciões e dos doentes.

 

A pesar da importância de estes e muitíssimos outros Orishas, a fundação espiritual da Santeria é a reverencia pelos nossos antepassados. É só depois que se estabelece uma base sólida com os egún (ancestrais) que então pode entrar no mundo espiritual dos Orishas. Isto se faz a través de vários rituais e iniciações. Na Santeria cubana tradicional, o primeiro nível de estas iniciações é a colocação dos elekes, ou colares, onde o iniciado chega a ser membro da linhagem espiritual do seu padrinho ou madrinha, e adquiri as bênções e as protecções que isto traz consigo. Em esta iniciação, o iniciado recebe os colares que contêm o aché de Obatalá, Yemayá, Changó, Ochún, e Eleguá, e  estes chegam a ser os seus protectores, ajudando a guiar, dar amor, e a ajuda  que necessite.

A recepção dos elekes é uma cerimonia elaborada e bonita, e é tão importante que se considera meio-assento, ou a iniciação a meio em Ocha (1).


A segunda iniciação consiste em receber os Guerreiros. Estes são Eleguá (mas aqui é recebido geralmente em forma de uma pedra ou fundamento), Ogún (em forma de um caldeirão de ferro com as suas ferramentas), Ochosí, e Osún. Com a medicina de estes quatro Orishas se abrem os caminhos, e os santeros observam que são mais efectivos quando trabalham juntos, assem que os quatro são dados ao iniciado no mesmo ritual.

A iniciação final é fazer santo (no uso do dialecto cubano,  diz “santo” é igual que dizer “Orisha”). O nome próprio de este completo ritual que leva sete dias é "kari-ocha", ou assentar o Orisha', onde se diz que o Orisha tutelar do iniciado “é sentado” ou coroado na cabeça do iniciado. Durante esta  iniciação maior, que sucede só uma vez na vida, se faz uma leitura importantíssima com os búzios, conhecida como itá, onde os tabus e os detalhes mais importantes do destino do iniciado são marcados pelo Orisha tutelar, e onde vários Orishas falam.

Este sistema de adivinhação é conhecido como diloggún, os búzios ou itales, e é algo diferente do sistema de Ifa, que é outro oráculo importante da Santería. A partir de este evento e na sua vida, o iniciado é considerado iyawó (literalmente, “esposa” do Orisha, independentemente do género) por um ano inteiro, onde deve vestir de branco e seguir vários rituais para proteger o seu novo estado  espiritual e manter-se puro.

 

Nem todos os Orishas podem ser coroados neste ritual. Alguns recebem de outro modo. Os Ibeyi (os Gemeos), por exemplo, são recebidos como figuras de um menino e uma menina, que são preparados por um santero e proporcionam prosperidade e alegria. Outros Orishas não se coroam directamente, senão por meio de um dos Orichas  principais. Erinlé ou Inlé, e também Olokún, se coroam só através de Yemayá e não por si mesmos, e muitos os consideram caminhos de Yemayá. Dadá se coroa via Changó e é considerado um irmão de Shango.

Centra a cosmo visão dos Yoruba é a ideia do ori, ou o destino. Ori é o nome da cabeça física, assim como da  consciência, ou do ser, mas também se traduz como "destino", ou  "caminho escolhido". É o equivalente ao atman do hinduísmo, ao ba dos egípcios, ou ao espírito. Há muitos elementos complexos e entrelaçados que o compõem. Ori contêm os elementos ancestrais, contêm o nosso carácter, e suponhamos a cabeça onde tomamos as decisões, e é onde nossos pensamentos, ideias, palavras, e as nossas acções se originam, assim que a cabeça é um símbolo apropriado para como se origina o destino e o carácter.

 

Para os Yorubas e dentro da tecnologia metafísica santera, Ori é também um Orisha. É o Orisha pessoal e individualizado com que nascemos, o que hoje os metafísicos estão chamando da Presença do Eu, e que caminha connosco a través da nossa vida inteira. É O UNICO Orisha que pode ir donde queira que vamos, e nos acompanha sempre em todas as nossas viagens. Os Yorubas crêem que um Ori contêm todo o Aché que se necessita para alcançar todas as coisas que possamos e queremos alcançar nesta encarnação, e sem o Ori nada é possível. É, para cada individuo, o Orisha mais PODEROSO, e a matriz da energia que contêm o anteprojecto do nosso destino escolhido desde antes de nascer.

Na crença yoruba, cada qual elege o seu Ori antes de nascer, ao pararmos diante de Deus e pedir uma oportunidade para encarnar. Assim, adquirimos um destino como parte do processo de NEGOCIAÇÃO de uma  oportunidade na Terra, e obtivemos um ori, uma cabeça, uma identidade. O Ori é uma entidade vivente e um agente activo nesta vida.

 

É um Orisha pessoal, o mais importante que cada qual têm, se lhe pode orar, pedir, agradecer, e fortalecer por meio de certos  rituais. Também elegemos antes de nascer nosso Orisha tutelar, que é um dos Orishas importantes que se elege para que nos ajude com o seu Aché para conseguir aquelas metas, projectos que queremos realizar neste planeta.

Baseado em o que sabemos do Ori, é uma metáfora não só para nossa habilidade de evolução e tomada de decisões, senão também para a combinação de genes dos pais quando sucede a concepção, que é um processo onde nossos Eguns, ou antepassados, contribuem com os seus atributos para formar uma pessoa extraordinária e nova. Há muitos acontecimentos que sucedem na concepção, e na visão cosmo dos Yoruba, estes feitos são governados por nossa eleição pré natal do Ori. Portanto, se diz que o Ori se escolhe antes da concepção.

 

Um dos aspectos mais importantes e interessantes da espiritualidade yoruba e a sua tecnologia sagrada consiste na sua insistência em ajudar o iniciado a alienar-se com o seu Ori para cumprir melhor o seu propósito e potencial nesta encarnação. Nossa relação com os ancestrais e o Ori também nos ajuda a abrirmos e desenvolver os dons e habilidades herdadas. Todo isto ilustra também como a espiritualidade Yoruba honra a individualidade de cada pessoa e dos dons únicos que traz cada qual.

Enfim, este é um resumo muito básico da espiritualidade dos Yorubas. Qualquer pessoa que deseje entrar neste sistema religioso, deve procurar um Ilé (casa espiritual) na sua cidade ou área, e desenvolver uma relação com um maior na religião.



Paz Amor e Harmonia
Emidio de Ogum
http://espadadeogum.blogspot.com
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A maneira de introdução rápida, a religião da nação Yoruba da  Nigéria, em Africa Ocidental, chegou a América via Cuba, onde  se havia preservado sintetizada com o catolicismo. A religião se conhece também como Regla de Ocha, ou a religião lucumí. Varias  religiões equivalentes se praticam no Brasil e, também em Africa ocidental.

Pessoas ignorantes, racistas, o prejudiciais podiam considerar a Santeria como um culto, ou uma religião sincretista ou animista como  uma maneira de diminuir a sua importância e dissipar a profundidade dos seus mistérios. No entanto a Santeria é uma das grandes religiões do mundo, comparável ao hinduísmo ou a religião do Egipto antigo.

 

Têm uma teologia completa, uma completa tecnologia metafísica, e uma tradição ancestral de elaborados e coloridos rituais. Ademais de isto, é uma religião de mistérios iniciados a semelhança dos célebres mistérios de Eleusis que se celebravam na Grécia da antiguidade, mas que a diferencia de aqueles segredos que se perderam por ser tão bem guardados, sobreviveram por milénios relativamente com poucas mudanças. A maneira de aclarar, apesar do nome popular como é conhecida, a Santeria não consiste num culto a santos católicos.

 

Estas eram só mascaras que assumiram os Orishas para poder sobreviver durante a escravatura no corações dos seus devotos. Os Orishas são as divindades dos Yorubas, e a palavra “santo” é só utilizada devido a conveniência e a familiaridade.

Os Santeiros conhecem Deus como Olorún (Dono dos Céus) ou como Olodumaré. Existe um número indefinido de Orishas, ou de divindades, que ajudam Olorún a distribuir o aché a toda a criação, e são vistos como aspectos de Olorún. Aché se traduz como vitalidade, poder, graça, ou bênção. As mais importantes de estas divindades são:

 

Obatalá, o Rei do Tecido Branco, amado Orisha paternal da pureza  e da rectitude.

Eleguá ou Echú, Orisha da comunicação que abre os caminhos e faz travessuras.

Yemayá, a Mãe dos Peixes, Orisha do mar, os segredos, a comunidade, e da maternidade.

Changó, que na vida era o Rei da cidade sagrada de Oyo, Orisha da estratégia e da vitoria.

Ogún, o Orisha dos ferreiros, o ferro, e é o patrono dos inventores.

Oyá, a guerreira barbuda, Orisha dos tornados, a morte, os ventos, e as mudanças.

Ochún, Orisha do amor, da feminilidade, do sexo, do prazer, do dinheiro, e dos rios.

Ochosí, o guia, Orisha da caça e da pesca que mora no bosque com Ogún e Osain.

Osaín, Orisha das ervas e das plantas.

Orunmila, Orisha da sabedoria e a testemunha do destino.

Babalú Ayé, Pai do Mundo, Orisha da pestilência, patrono compassivo dos anciões e dos doentes.

 

A pesar da importância de estes e muitíssimos outros Orishas, a fundação espiritual da Santeria é a reverencia pelos nossos antepassados. É só depois que se estabelece uma base sólida com os egún (ancestrais) que então pode entrar no mundo espiritual dos Orishas. Isto se faz a través de vários rituais e iniciações. Na Santeria cubana tradicional, o primeiro nível de estas iniciações é a colocação dos elekes, ou colares, onde o iniciado chega a ser membro da linhagem espiritual do seu padrinho ou madrinha, e adquiri as bênções e as protecções que isto traz consigo. Em esta iniciação, o iniciado recebe os colares que contêm o aché de Obatalá, Yemayá, Changó, Ochún, e Eleguá, e  estes chegam a ser os seus protectores, ajudando a guiar, dar amor, e a ajuda  que necessite.

A recepção dos elekes é uma cerimonia elaborada e bonita, e é tão importante que se considera meio-assento, ou a iniciação a meio em Ocha (1).


A segunda iniciação consiste em receber os Guerreiros. Estes são Eleguá (mas aqui é recebido geralmente em forma de uma pedra ou fundamento), Ogún (em forma de um caldeirão de ferro com as suas ferramentas), Ochosí, e Osún. Com a medicina de estes quatro Orishas se abrem os caminhos, e os santeros observam que são mais efectivos quando trabalham juntos, assem que os quatro são dados ao iniciado no mesmo ritual.

A iniciação final é fazer santo (no uso do dialecto cubano,  diz “santo” é igual que dizer “Orisha”). O nome próprio de este completo ritual que leva sete dias é "kari-ocha", ou assentar o Orisha', onde se diz que o Orisha tutelar do iniciado “é sentado” ou coroado na cabeça do iniciado. Durante esta  iniciação maior, que sucede só uma vez na vida, se faz uma leitura importantíssima com os búzios, conhecida como itá, onde os tabus e os detalhes mais importantes do destino do iniciado são marcados pelo Orisha tutelar, e onde vários Orishas falam.

Este sistema de adivinhação é conhecido como diloggún, os búzios ou itales, e é algo diferente do sistema de Ifa, que é outro oráculo importante da Santería. A partir de este evento e na sua vida, o iniciado é considerado iyawó (literalmente, “esposa” do Orisha, independentemente do género) por um ano inteiro, onde deve vestir de branco e seguir vários rituais para proteger o seu novo estado  espiritual e manter-se puro.

 

Nem todos os Orishas podem ser coroados neste ritual. Alguns recebem de outro modo. Os Ibeyi (os Gemeos), por exemplo, são recebidos como figuras de um menino e uma menina, que são preparados por um santero e proporcionam prosperidade e alegria. Outros Orishas não se coroam directamente, senão por meio de um dos Orichas  principais. Erinlé ou Inlé, e também Olokún, se coroam só através de Yemayá e não por si mesmos, e muitos os consideram caminhos de Yemayá. Dadá se coroa via Changó e é considerado um irmão de Shango.

Centra a cosmo visão dos Yoruba é a ideia do ori, ou o destino. Ori é o nome da cabeça física, assim como da  consciência, ou do ser, mas também se traduz como "destino", ou  "caminho escolhido". É o equivalente ao atman do hinduísmo, ao ba dos egípcios, ou ao espírito. Há muitos elementos complexos e entrelaçados que o compõem. Ori contêm os elementos ancestrais, contêm o nosso carácter, e suponhamos a cabeça onde tomamos as decisões, e é onde nossos pensamentos, ideias, palavras, e as nossas acções se originam, assim que a cabeça é um símbolo apropriado para como se origina o destino e o carácter.

 

Para os Yorubas e dentro da tecnologia metafísica santera, Ori é também um Orisha. É o Orisha pessoal e individualizado com que nascemos, o que hoje os metafísicos estão chamando da Presença do Eu, e que caminha connosco a través da nossa vida inteira. É O UNICO Orisha que pode ir donde queira que vamos, e nos acompanha sempre em todas as nossas viagens. Os Yorubas crêem que um Ori contêm todo o Aché que se necessita para alcançar todas as coisas que possamos e queremos alcançar nesta encarnação, e sem o Ori nada é possível. É, para cada individuo, o Orisha mais PODEROSO, e a matriz da energia que contêm o anteprojecto do nosso destino escolhido desde antes de nascer.

Na crença yoruba, cada qual elege o seu Ori antes de nascer, ao pararmos diante de Deus e pedir uma oportunidade para encarnar. Assim, adquirimos um destino como parte do processo de NEGOCIAÇÃO de uma  oportunidade na Terra, e obtivemos um ori, uma cabeça, uma identidade. O Ori é uma entidade vivente e um agente activo nesta vida.

 

É um Orisha pessoal, o mais importante que cada qual têm, se lhe pode orar, pedir, agradecer, e fortalecer por meio de certos  rituais. Também elegemos antes de nascer nosso Orisha tutelar, que é um dos Orishas importantes que se elege para que nos ajude com o seu Aché para conseguir aquelas metas, projectos que queremos realizar neste planeta.

Baseado em o que sabemos do Ori, é uma metáfora não só para nossa habilidade de evolução e tomada de decisões, senão também para a combinação de genes dos pais quando sucede a concepção, que é um processo onde nossos Eguns, ou antepassados, contribuem com os seus atributos para formar uma pessoa extraordinária e nova. Há muitos acontecimentos que sucedem na concepção, e na visão cosmo dos Yoruba, estes feitos são governados por nossa eleição pré natal do Ori. Portanto, se diz que o Ori se escolhe antes da concepção.

 

Um dos aspectos mais importantes e interessantes da espiritualidade yoruba e a sua tecnologia sagrada consiste na sua insistência em ajudar o iniciado a alienar-se com o seu Ori para cumprir melhor o seu propósito e potencial nesta encarnação. Nossa relação com os ancestrais e o Ori também nos ajuda a abrirmos e desenvolver os dons e habilidades herdadas. Todo isto ilustra também como a espiritualidade Yoruba honra a individualidade de cada pessoa e dos dons únicos que traz cada qual.

Enfim, este é um resumo muito básico da espiritualidade dos Yorubas. Qualquer pessoa que deseje entrar neste sistema religioso, deve procurar um Ilé (casa espiritual) na sua cidade ou área, e desenvolver uma relação com um maior na religião.



Paz Amor e Harmonia
Emidio de Ogum
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Santaria um culto ou uma religião?

A maneira de introdução rápida, a religião da nação Yoruba da  Nigéria, em Africa Ocidental, chegou a América via Cuba, onde  se havia preservado sintetizada com o catolicismo. A religião se conhece também como Regla de Ocha, ou a religião lucumí. Varias  religiões equivalentes se praticam no Brasil e, também em Africa ocidental.

Pessoas ignorantes, racistas, o prejudiciais podiam considerar a Santeria como um culto, ou uma religião sincretista ou animista como  uma maneira de diminuir a sua importância e dissipar a profundidade dos seus mistérios. No entanto a Santeria é uma das grandes religiões do mundo, comparável ao hinduísmo ou a religião do Egipto antigo.

 

Têm uma teologia completa, uma completa tecnologia metafísica, e uma tradição ancestral de elaborados e coloridos rituais. Ademais de isto, é uma religião de mistérios iniciados a semelhança dos célebres mistérios de Eleusis que se celebravam na Grécia da antiguidade, mas que a diferencia de aqueles segredos que se perderam por ser tão bem guardados, sobreviveram por milénios relativamente com poucas mudanças. A maneira de aclarar, apesar do nome popular como é conhecida, a Santeria não consiste num culto a santos católicos.

 

Estas eram só mascaras que assumiram os Orishas para poder sobreviver durante a escravatura no corações dos seus devotos. Os Orishas são as divindades dos Yorubas, e a palavra “santo” é só utilizada devido a conveniência e a familiaridade.

Os Santeiros conhecem Deus como Olorún (Dono dos Céus) ou como Olodumaré. Existe um número indefinido de Orishas, ou de divindades, que ajudam Olorún a distribuir o aché a toda a criação, e são vistos como aspectos de Olorún. Aché se traduz como vitalidade, poder, graça, ou bênção. As mais importantes de estas divindades são:

 

Obatalá, o Rei do Tecido Branco, amado Orisha paternal da pureza  e da rectitude.

Eleguá ou Echú, Orisha da comunicação que abre os caminhos e faz travessuras.

Yemayá, a Mãe dos Peixes, Orisha do mar, os segredos, a comunidade, e da maternidade.

Changó, que na vida era o Rei da cidade sagrada de Oyo, Orisha da estratégia e da vitoria.

Ogún, o Orisha dos ferreiros, o ferro, e é o patrono dos inventores.

Oyá, a guerreira barbuda, Orisha dos tornados, a morte, os ventos, e as mudanças.

Ochún, Orisha do amor, da feminilidade, do sexo, do prazer, do dinheiro, e dos rios.

Ochosí, o guia, Orisha da caça e da pesca que mora no bosque com Ogún e Osain.

Osaín, Orisha das ervas e das plantas.

Orunmila, Orisha da sabedoria e a testemunha do destino.

Babalú Ayé, Pai do Mundo, Orisha da pestilência, patrono compassivo dos anciões e dos doentes.

 

A pesar da importância de estes e muitíssimos outros Orishas, a fundação espiritual da Santeria é a reverencia pelos nossos antepassados. É só depois que se estabelece uma base sólida com os egún (ancestrais) que então pode entrar no mundo espiritual dos Orishas. Isto se faz a través de vários rituais e iniciações. Na Santeria cubana tradicional, o primeiro nível de estas iniciações é a colocação dos elekes, ou colares, onde o iniciado chega a ser membro da linhagem espiritual do seu padrinho ou madrinha, e adquiri as bênções e as protecções que isto traz consigo. Em esta iniciação, o iniciado recebe os colares que contêm o aché de Obatalá, Yemayá, Changó, Ochún, e Eleguá, e  estes chegam a ser os seus protectores, ajudando a guiar, dar amor, e a ajuda  que necessite.

A recepção dos elekes é uma cerimonia elaborada e bonita, e é tão importante que se considera meio-assento, ou a iniciação a meio em Ocha (1).


A segunda iniciação consiste em receber os Guerreiros. Estes são Eleguá (mas aqui é recebido geralmente em forma de uma pedra ou fundamento), Ogún (em forma de um caldeirão de ferro com as suas ferramentas), Ochosí, e Osún. Com a medicina de estes quatro Orishas se abrem os caminhos, e os santeros observam que são mais efectivos quando trabalham juntos, assem que os quatro são dados ao iniciado no mesmo ritual.

A iniciação final é fazer santo (no uso do dialecto cubano,  diz “santo” é igual que dizer “Orisha”). O nome próprio de este completo ritual que leva sete dias é "kari-ocha", ou assentar o Orisha', onde se diz que o Orisha tutelar do iniciado “é sentado” ou coroado na cabeça do iniciado. Durante esta  iniciação maior, que sucede só uma vez na vida, se faz uma leitura importantíssima com os búzios, conhecida como itá, onde os tabus e os detalhes mais importantes do destino do iniciado são marcados pelo Orisha tutelar, e onde vários Orishas falam.

Este sistema de adivinhação é conhecido como diloggún, os búzios ou itales, e é algo diferente do sistema de Ifa, que é outro oráculo importante da Santería. A partir de este evento e na sua vida, o iniciado é considerado iyawó (literalmente, “esposa” do Orisha, independentemente do género) por um ano inteiro, onde deve vestir de branco e seguir vários rituais para proteger o seu novo estado  espiritual e manter-se puro.

 

Nem todos os Orishas podem ser coroados neste ritual. Alguns recebem de outro modo. Os Ibeyi (os Gemeos), por exemplo, são recebidos como figuras de um menino e uma menina, que são preparados por um santero e proporcionam prosperidade e alegria. Outros Orishas não se coroam directamente, senão por meio de um dos Orichas  principais. Erinlé ou Inlé, e também Olokún, se coroam só através de Yemayá e não por si mesmos, e muitos os consideram caminhos de Yemayá. Dadá se coroa via Changó e é considerado um irmão de Shango.

Centra a cosmo visão dos Yoruba é a ideia do ori, ou o destino. Ori é o nome da cabeça física, assim como da  consciência, ou do ser, mas também se traduz como "destino", ou  "caminho escolhido". É o equivalente ao atman do hinduísmo, ao ba dos egípcios, ou ao espírito. Há muitos elementos complexos e entrelaçados que o compõem. Ori contêm os elementos ancestrais, contêm o nosso carácter, e suponhamos a cabeça onde tomamos as decisões, e é onde nossos pensamentos, ideias, palavras, e as nossas acções se originam, assim que a cabeça é um símbolo apropriado para como se origina o destino e o carácter.

 

Para os Yorubas e dentro da tecnologia metafísica santera, Ori é também um Orisha. É o Orisha pessoal e individualizado com que nascemos, o que hoje os metafísicos estão chamando da Presença do Eu, e que caminha connosco a través da nossa vida inteira. É O UNICO Orisha que pode ir donde queira que vamos, e nos acompanha sempre em todas as nossas viagens. Os Yorubas crêem que um Ori contêm todo o Aché que se necessita para alcançar todas as coisas que possamos e queremos alcançar nesta encarnação, e sem o Ori nada é possível. É, para cada individuo, o Orisha mais PODEROSO, e a matriz da energia que contêm o anteprojecto do nosso destino escolhido desde antes de nascer.

Na crença yoruba, cada qual elege o seu Ori antes de nascer, ao pararmos diante de Deus e pedir uma oportunidade para encarnar. Assim, adquirimos um destino como parte do processo de NEGOCIAÇÃO de uma  oportunidade na Terra, e obtivemos um ori, uma cabeça, uma identidade. O Ori é uma entidade vivente e um agente activo nesta vida.

 

É um Orisha pessoal, o mais importante que cada qual têm, se lhe pode orar, pedir, agradecer, e fortalecer por meio de certos  rituais. Também elegemos antes de nascer nosso Orisha tutelar, que é um dos Orishas importantes que se elege para que nos ajude com o seu Aché para conseguir aquelas metas, projectos que queremos realizar neste planeta.

Baseado em o que sabemos do Ori, é uma metáfora não só para nossa habilidade de evolução e tomada de decisões, senão também para a combinação de genes dos pais quando sucede a concepção, que é um processo onde nossos Eguns, ou antepassados, contribuem com os seus atributos para formar uma pessoa extraordinária e nova. Há muitos acontecimentos que sucedem na concepção, e na visão cosmo dos Yoruba, estes feitos são governados por nossa eleição pré natal do Ori. Portanto, se diz que o Ori se escolhe antes da concepção.

 

Um dos aspectos mais importantes e interessantes da espiritualidade yoruba e a sua tecnologia sagrada consiste na sua insistência em ajudar o iniciado a alienar-se com o seu Ori para cumprir melhor o seu propósito e potencial nesta encarnação. Nossa relação com os ancestrais e o Ori também nos ajuda a abrirmos e desenvolver os dons e habilidades herdadas. Todo isto ilustra também como a espiritualidade Yoruba honra a individualidade de cada pessoa e dos dons únicos que traz cada qual.

Enfim, este é um resumo muito básico da espiritualidade dos Yorubas. Qualquer pessoa que deseje entrar neste sistema religioso, deve procurar um Ilé (casa espiritual) na sua cidade ou área, e desenvolver uma relação com um maior na religião.



Paz Amor e Harmonia
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A maneira de introdução rápida, a religião da nação Yoruba da  Nigéria, em Africa Ocidental, chegou a América via Cuba, onde  se havia preservado sintetizada com o catolicismo. A religião se conhece também como Regla de Ocha, ou a religião lucumí. Varias  religiões equivalentes se praticam no Brasil e, também em Africa ocidental.

Pessoas ignorantes, racistas, o prejudiciais podiam considerar a Santeria como um culto, ou uma religião sincretista ou animista como  uma maneira de diminuir a sua importância e dissipar a profundidade dos seus mistérios. No entanto a Santeria é uma das grandes religiões do mundo, comparável ao hinduísmo ou a religião do Egipto antigo.

 

Têm uma teologia completa, uma completa tecnologia metafísica, e uma tradição ancestral de elaborados e coloridos rituais. Ademais de isto, é uma religião de mistérios iniciados a semelhança dos célebres mistérios de Eleusis que se celebravam na Grécia da antiguidade, mas que a diferencia de aqueles segredos que se perderam por ser tão bem guardados, sobreviveram por milénios relativamente com poucas mudanças. A maneira de aclarar, apesar do nome popular como é conhecida, a Santeria não consiste num culto a santos católicos.

 

Estas eram só mascaras que assumiram os Orishas para poder sobreviver durante a escravatura no corações dos seus devotos. Os Orishas são as divindades dos Yorubas, e a palavra “santo” é só utilizada devido a conveniência e a familiaridade.

Os Santeiros conhecem Deus como Olorún (Dono dos Céus) ou como Olodumaré. Existe um número indefinido de Orishas, ou de divindades, que ajudam Olorún a distribuir o aché a toda a criação, e são vistos como aspectos de Olorún. Aché se traduz como vitalidade, poder, graça, ou bênção. As mais importantes de estas divindades são:

 

Obatalá, o Rei do Tecido Branco, amado Orisha paternal da pureza  e da rectitude.

Eleguá ou Echú, Orisha da comunicação que abre os caminhos e faz travessuras.

Yemayá, a Mãe dos Peixes, Orisha do mar, os segredos, a comunidade, e da maternidade.

Changó, que na vida era o Rei da cidade sagrada de Oyo, Orisha da estratégia e da vitoria.

Ogún, o Orisha dos ferreiros, o ferro, e é o patrono dos inventores.

Oyá, a guerreira barbuda, Orisha dos tornados, a morte, os ventos, e as mudanças.

Ochún, Orisha do amor, da feminilidade, do sexo, do prazer, do dinheiro, e dos rios.

Ochosí, o guia, Orisha da caça e da pesca que mora no bosque com Ogún e Osain.

Osaín, Orisha das ervas e das plantas.

Orunmila, Orisha da sabedoria e a testemunha do destino.

Babalú Ayé, Pai do Mundo, Orisha da pestilência, patrono compassivo dos anciões e dos doentes.

 

A pesar da importância de estes e muitíssimos outros Orishas, a fundação espiritual da Santeria é a reverencia pelos nossos antepassados. É só depois que se estabelece uma base sólida com os egún (ancestrais) que então pode entrar no mundo espiritual dos Orishas. Isto se faz a través de vários rituais e iniciações. Na Santeria cubana tradicional, o primeiro nível de estas iniciações é a colocação dos elekes, ou colares, onde o iniciado chega a ser membro da linhagem espiritual do seu padrinho ou madrinha, e adquiri as bênções e as protecções que isto traz consigo. Em esta iniciação, o iniciado recebe os colares que contêm o aché de Obatalá, Yemayá, Changó, Ochún, e Eleguá, e  estes chegam a ser os seus protectores, ajudando a guiar, dar amor, e a ajuda  que necessite.

A recepção dos elekes é uma cerimonia elaborada e bonita, e é tão importante que se considera meio-assento, ou a iniciação a meio em Ocha (1).


A segunda iniciação consiste em receber os Guerreiros. Estes são Eleguá (mas aqui é recebido geralmente em forma de uma pedra ou fundamento), Ogún (em forma de um caldeirão de ferro com as suas ferramentas), Ochosí, e Osún. Com a medicina de estes quatro Orishas se abrem os caminhos, e os santeros observam que são mais efectivos quando trabalham juntos, assem que os quatro são dados ao iniciado no mesmo ritual.

A iniciação final é fazer santo (no uso do dialecto cubano,  diz “santo” é igual que dizer “Orisha”). O nome próprio de este completo ritual que leva sete dias é "kari-ocha", ou assentar o Orisha', onde se diz que o Orisha tutelar do iniciado “é sentado” ou coroado na cabeça do iniciado. Durante esta  iniciação maior, que sucede só uma vez na vida, se faz uma leitura importantíssima com os búzios, conhecida como itá, onde os tabus e os detalhes mais importantes do destino do iniciado são marcados pelo Orisha tutelar, e onde vários Orishas falam.

Este sistema de adivinhação é conhecido como diloggún, os búzios ou itales, e é algo diferente do sistema de Ifa, que é outro oráculo importante da Santería. A partir de este evento e na sua vida, o iniciado é considerado iyawó (literalmente, “esposa” do Orisha, independentemente do género) por um ano inteiro, onde deve vestir de branco e seguir vários rituais para proteger o seu novo estado  espiritual e manter-se puro.

 

Nem todos os Orishas podem ser coroados neste ritual. Alguns recebem de outro modo. Os Ibeyi (os Gemeos), por exemplo, são recebidos como figuras de um menino e uma menina, que são preparados por um santero e proporcionam prosperidade e alegria. Outros Orishas não se coroam directamente, senão por meio de um dos Orichas  principais. Erinlé ou Inlé, e também Olokún, se coroam só através de Yemayá e não por si mesmos, e muitos os consideram caminhos de Yemayá. Dadá se coroa via Changó e é considerado um irmão de Shango.

Centra a cosmo visão dos Yoruba é a ideia do ori, ou o destino. Ori é o nome da cabeça física, assim como da  consciência, ou do ser, mas também se traduz como "destino", ou  "caminho escolhido". É o equivalente ao atman do hinduísmo, ao ba dos egípcios, ou ao espírito. Há muitos elementos complexos e entrelaçados que o compõem. Ori contêm os elementos ancestrais, contêm o nosso carácter, e suponhamos a cabeça onde tomamos as decisões, e é onde nossos pensamentos, ideias, palavras, e as nossas acções se originam, assim que a cabeça é um símbolo apropriado para como se origina o destino e o carácter.

 

Para os Yorubas e dentro da tecnologia metafísica santera, Ori é também um Orisha. É o Orisha pessoal e individualizado com que nascemos, o que hoje os metafísicos estão chamando da Presença do Eu, e que caminha connosco a través da nossa vida inteira. É O UNICO Orisha que pode ir donde queira que vamos, e nos acompanha sempre em todas as nossas viagens. Os Yorubas crêem que um Ori contêm todo o Aché que se necessita para alcançar todas as coisas que possamos e queremos alcançar nesta encarnação, e sem o Ori nada é possível. É, para cada individuo, o Orisha mais PODEROSO, e a matriz da energia que contêm o anteprojecto do nosso destino escolhido desde antes de nascer.

Na crença yoruba, cada qual elege o seu Ori antes de nascer, ao pararmos diante de Deus e pedir uma oportunidade para encarnar. Assim, adquirimos um destino como parte do processo de NEGOCIAÇÃO de uma  oportunidade na Terra, e obtivemos um ori, uma cabeça, uma identidade. O Ori é uma entidade vivente e um agente activo nesta vida.

 

É um Orisha pessoal, o mais importante que cada qual têm, se lhe pode orar, pedir, agradecer, e fortalecer por meio de certos  rituais. Também elegemos antes de nascer nosso Orisha tutelar, que é um dos Orishas importantes que se elege para que nos ajude com o seu Aché para conseguir aquelas metas, projectos que queremos realizar neste planeta.

Baseado em o que sabemos do Ori, é uma metáfora não só para nossa habilidade de evolução e tomada de decisões, senão também para a combinação de genes dos pais quando sucede a concepção, que é um processo onde nossos Eguns, ou antepassados, contribuem com os seus atributos para formar uma pessoa extraordinária e nova. Há muitos acontecimentos que sucedem na concepção, e na visão cosmo dos Yoruba, estes feitos são governados por nossa eleição pré natal do Ori. Portanto, se diz que o Ori se escolhe antes da concepção.

 

Um dos aspectos mais importantes e interessantes da espiritualidade yoruba e a sua tecnologia sagrada consiste na sua insistência em ajudar o iniciado a alienar-se com o seu Ori para cumprir melhor o seu propósito e potencial nesta encarnação. Nossa relação com os ancestrais e o Ori também nos ajuda a abrirmos e desenvolver os dons e habilidades herdadas. Todo isto ilustra também como a espiritualidade Yoruba honra a individualidade de cada pessoa e dos dons únicos que traz cada qual.

Enfim, este é um resumo muito básico da espiritualidade dos Yorubas. Qualquer pessoa que deseje entrar neste sistema religioso, deve procurar um Ilé (casa espiritual) na sua cidade ou área, e desenvolver uma relação com um maior na religião.



Paz Amor e Harmonia
Emidio de Ogum
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Santaria um culto ou uma religião?

A maneira de introdução rápida, a religião da nação Yoruba da  Nigéria, em Africa Ocidental, chegou a América via Cuba, onde  se havia preservado sintetizada com o catolicismo. A religião se conhece também como Regla de Ocha, ou a religião lucumí. Varias  religiões equivalentes se praticam no Brasil e, também em Africa ocidental.

Pessoas ignorantes, racistas, o prejudiciais podiam considerar a Santeria como um culto, ou uma religião sincretista ou animista como  uma maneira de diminuir a sua importância e dissipar a profundidade dos seus mistérios. No entanto a Santeria é uma das grandes religiões do mundo, comparável ao hinduísmo ou a religião do Egipto antigo.

 

Têm uma teologia completa, uma completa tecnologia metafísica, e uma tradição ancestral de elaborados e coloridos rituais. Ademais de isto, é uma religião de mistérios iniciados a semelhança dos célebres mistérios de Eleusis que se celebravam na Grécia da antiguidade, mas que a diferencia de aqueles segredos que se perderam por ser tão bem guardados, sobreviveram por milénios relativamente com poucas mudanças. A maneira de aclarar, apesar do nome popular como é conhecida, a Santeria não consiste num culto a santos católicos.

 

Estas eram só mascaras que assumiram os Orishas para poder sobreviver durante a escravatura no corações dos seus devotos. Os Orishas são as divindades dos Yorubas, e a palavra “santo” é só utilizada devido a conveniência e a familiaridade.

Os Santeiros conhecem Deus como Olorún (Dono dos Céus) ou como Olodumaré. Existe um número indefinido de Orishas, ou de divindades, que ajudam Olorún a distribuir o aché a toda a criação, e são vistos como aspectos de Olorún. Aché se traduz como vitalidade, poder, graça, ou bênção. As mais importantes de estas divindades são:

 

Obatalá, o Rei do Tecido Branco, amado Orisha paternal da pureza  e da rectitude.

Eleguá ou Echú, Orisha da comunicação que abre os caminhos e faz travessuras.

Yemayá, a Mãe dos Peixes, Orisha do mar, os segredos, a comunidade, e da maternidade.

Changó, que na vida era o Rei da cidade sagrada de Oyo, Orisha da estratégia e da vitoria.

Ogún, o Orisha dos ferreiros, o ferro, e é o patrono dos inventores.

Oyá, a guerreira barbuda, Orisha dos tornados, a morte, os ventos, e as mudanças.

Ochún, Orisha do amor, da feminilidade, do sexo, do prazer, do dinheiro, e dos rios.

Ochosí, o guia, Orisha da caça e da pesca que mora no bosque com Ogún e Osain.

Osaín, Orisha das ervas e das plantas.

Orunmila, Orisha da sabedoria e a testemunha do destino.

Babalú Ayé, Pai do Mundo, Orisha da pestilência, patrono compassivo dos anciões e dos doentes.

 

A pesar da importância de estes e muitíssimos outros Orishas, a fundação espiritual da Santeria é a reverencia pelos nossos antepassados. É só depois que se estabelece uma base sólida com os egún (ancestrais) que então pode entrar no mundo espiritual dos Orishas. Isto se faz a través de vários rituais e iniciações. Na Santeria cubana tradicional, o primeiro nível de estas iniciações é a colocação dos elekes, ou colares, onde o iniciado chega a ser membro da linhagem espiritual do seu padrinho ou madrinha, e adquiri as bênções e as protecções que isto traz consigo. Em esta iniciação, o iniciado recebe os colares que contêm o aché de Obatalá, Yemayá, Changó, Ochún, e Eleguá, e  estes chegam a ser os seus protectores, ajudando a guiar, dar amor, e a ajuda  que necessite.

A recepção dos elekes é uma cerimonia elaborada e bonita, e é tão importante que se considera meio-assento, ou a iniciação a meio em Ocha (1).


A segunda iniciação consiste em receber os Guerreiros. Estes são Eleguá (mas aqui é recebido geralmente em forma de uma pedra ou fundamento), Ogún (em forma de um caldeirão de ferro com as suas ferramentas), Ochosí, e Osún. Com a medicina de estes quatro Orishas se abrem os caminhos, e os santeros observam que são mais efectivos quando trabalham juntos, assem que os quatro são dados ao iniciado no mesmo ritual.

A iniciação final é fazer santo (no uso do dialecto cubano,  diz “santo” é igual que dizer “Orisha”). O nome próprio de este completo ritual que leva sete dias é "kari-ocha", ou assentar o Orisha', onde se diz que o Orisha tutelar do iniciado “é sentado” ou coroado na cabeça do iniciado. Durante esta  iniciação maior, que sucede só uma vez na vida, se faz uma leitura importantíssima com os búzios, conhecida como itá, onde os tabus e os detalhes mais importantes do destino do iniciado são marcados pelo Orisha tutelar, e onde vários Orishas falam.

Este sistema de adivinhação é conhecido como diloggún, os búzios ou itales, e é algo diferente do sistema de Ifa, que é outro oráculo importante da Santería. A partir de este evento e na sua vida, o iniciado é considerado iyawó (literalmente, “esposa” do Orisha, independentemente do género) por um ano inteiro, onde deve vestir de branco e seguir vários rituais para proteger o seu novo estado  espiritual e manter-se puro.

 

Nem todos os Orishas podem ser coroados neste ritual. Alguns recebem de outro modo. Os Ibeyi (os Gemeos), por exemplo, são recebidos como figuras de um menino e uma menina, que são preparados por um santero e proporcionam prosperidade e alegria. Outros Orishas não se coroam directamente, senão por meio de um dos Orichas  principais. Erinlé ou Inlé, e também Olokún, se coroam só através de Yemayá e não por si mesmos, e muitos os consideram caminhos de Yemayá. Dadá se coroa via Changó e é considerado um irmão de Shango.

Centra a cosmo visão dos Yoruba é a ideia do ori, ou o destino. Ori é o nome da cabeça física, assim como da  consciência, ou do ser, mas também se traduz como "destino", ou  "caminho escolhido". É o equivalente ao atman do hinduísmo, ao ba dos egípcios, ou ao espírito. Há muitos elementos complexos e entrelaçados que o compõem. Ori contêm os elementos ancestrais, contêm o nosso carácter, e suponhamos a cabeça onde tomamos as decisões, e é onde nossos pensamentos, ideias, palavras, e as nossas acções se originam, assim que a cabeça é um símbolo apropriado para como se origina o destino e o carácter.

 

Para os Yorubas e dentro da tecnologia metafísica santera, Ori é também um Orisha. É o Orisha pessoal e individualizado com que nascemos, o que hoje os metafísicos estão chamando da Presença do Eu, e que caminha connosco a través da nossa vida inteira. É O UNICO Orisha que pode ir donde queira que vamos, e nos acompanha sempre em todas as nossas viagens. Os Yorubas crêem que um Ori contêm todo o Aché que se necessita para alcançar todas as coisas que possamos e queremos alcançar nesta encarnação, e sem o Ori nada é possível. É, para cada individuo, o Orisha mais PODEROSO, e a matriz da energia que contêm o anteprojecto do nosso destino escolhido desde antes de nascer.

Na crença yoruba, cada qual elege o seu Ori antes de nascer, ao pararmos diante de Deus e pedir uma oportunidade para encarnar. Assim, adquirimos um destino como parte do processo de NEGOCIAÇÃO de uma  oportunidade na Terra, e obtivemos um ori, uma cabeça, uma identidade. O Ori é uma entidade vivente e um agente activo nesta vida.

 

É um Orisha pessoal, o mais importante que cada qual têm, se lhe pode orar, pedir, agradecer, e fortalecer por meio de certos  rituais. Também elegemos antes de nascer nosso Orisha tutelar, que é um dos Orishas importantes que se elege para que nos ajude com o seu Aché para conseguir aquelas metas, projectos que queremos realizar neste planeta.

Baseado em o que sabemos do Ori, é uma metáfora não só para nossa habilidade de evolução e tomada de decisões, senão também para a combinação de genes dos pais quando sucede a concepção, que é um processo onde nossos Eguns, ou antepassados, contribuem com os seus atributos para formar uma pessoa extraordinária e nova. Há muitos acontecimentos que sucedem na concepção, e na visão cosmo dos Yoruba, estes feitos são governados por nossa eleição pré natal do Ori. Portanto, se diz que o Ori se escolhe antes da concepção.

 

Um dos aspectos mais importantes e interessantes da espiritualidade yoruba e a sua tecnologia sagrada consiste na sua insistência em ajudar o iniciado a alienar-se com o seu Ori para cumprir melhor o seu propósito e potencial nesta encarnação. Nossa relação com os ancestrais e o Ori também nos ajuda a abrirmos e desenvolver os dons e habilidades herdadas. Todo isto ilustra também como a espiritualidade Yoruba honra a individualidade de cada pessoa e dos dons únicos que traz cada qual.

Enfim, este é um resumo muito básico da espiritualidade dos Yorubas. Qualquer pessoa que deseje entrar neste sistema religioso, deve procurar um Ilé (casa espiritual) na sua cidade ou área, e desenvolver uma relação com um maior na religião.



Paz Amor e Harmonia
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Terça-feira, 23 de Março de 2010

Santería - Religião de Origem Africana no Caribe



q

Artigo para leitura e esclarecimentos, a Santería uma religião oriunda do povo Africano.

Muito parecido com nosso Candomblé e nossa Umbanda, mas também muito distante dos nossos ritos; no Caribe existem com profunda crença, força e convicção praticas oriundas das religiões africanas em muitas localidades do Caribe e Américas (do Sul, Central e do Norte), que pouco se distanciaram das suas raízes originais, mesmo com o passar do tempo, e as incontáveis interferências da cultura branca e religiões predominantes.

Entende-se que essa pureza nas praticas, crenças e costumes radique no fato de ainda hoje em alguns paises ou regiões, elas permanecerem secretas, mantidas em sigilo por ainda serem encaradas como bárbaras e incongruentes ao sistema político-religioso padrão.

Nas matas e espaços afastados dos centros urbanos se crê, habitam como na África, as mesmas deidades ancestrais, espíritos poderosos que ainda hoje, como outrora, são temidos e venerados, e cuja benevolência ou hostilidade continuam dependentes do êxito ou fracasso nas devoções, sacrifícios, oferendas e tratamento a elas outorgadas.

Não se duvida em momento algum da sobre-naturalidade e presenças invisíveis e vez por outra visíveis das deidades e espíritos sagrados que possuem morada "en el Monte".

"El Monte" é o espaço para uma miríade de seres fantásticos, com duplicidade e dualidades radicais quanto à sua natureza. Nele o praticante da Santería, do Vodu ou do Lucumí, entra em contato com "seres estranhos de outros mundos", "espíritos maléficos do alem", "animais fantásticos" (como Keneno e Kiama) e as deidades mais espetaculares jamais vistas.

É um universo secreto, complexo e completo. É na mata onde aqueles que possuem o dom da clarividência, clariaudiência e mediunidade, podem passar dias submersos em visões que para o olho humano comum se tornariam impossíveis de aceitar e compreender.

Adentrar em tal universo requer indispensáveis instruções, somente conhecidas pelos velhos "criollos" que na memória guardam as formas e fórmulas de aceder, agradar e manter conexão com esses seres, que se mostram estranhamente interessados pelo mundo humano.

O contato entre os dois mundos solicita então o saber como proceder de acordo às regras estabelecidas pelas próprias deidades. O homem deve saber como "entrar en el Monte", pois ele é um templo.
Assim o praticante que de fato conheça os meandros das religiões afro-caribenhas americanas, sabe que na mata terá tudo o absolutamente necessário para honrar, solicitar, agradecer ou curar, mas que para fazer uso disso, daquilo que a mata oferece, jamais poderá tomar o que deseja seja, planta, madeira, roxa, pedra, animal, sem respeitosamente pedir permissão aos guardiões desses elementos.

Em alguns casos, deverá "pagar" pelo seu uso, com tabaco, aguardente ou dinheiro. Pois cada pedaço da mata possui seu dono.

A resistência dos homens e mulheres africanos em manter sua religião original, mesmo sendo obrigado a participar das celebrações cristãs, permitiu que hoje, ainda que encobertas por algumas camadas de simbologia cristã e dos ritos indígenas, as praticas secretas tenham se disseminado até nós, sob (como já foi citado) os nomes de Santería (Caribe, Florida, Venezuela, América Central), Candomblé (Guianas e Brasil) e Vodu (Haiti). Como premiação para os que conseguem chegar ao âmago das suas praticas, essas religiões surgem sem traços do catolicismo.

A Santería possui bases na religião Ioruba, praticada na Nigéria e Benin. Ela se manifesta no cotidiano de quem nela acredita na maneira particular de ver o mundo mediante a conceitualização mágico-religiosa das relações sociais, das relações com a natureza, com o universo e o sobre-natural.

Essa visão religiosa é resultado de um profundo processo de des-construção dos paradigmas autóctones da identidade africana e a re-criação de uma nova postura cultural que exigiu a adaptação de outros costumes, pontos de vista, através do sincretismo, re-interpretação dos valores religiosos mediante personagens da mitologia católica e transculturação.

É unificada nessa postura mágico-religiosa a tradição africana, as indígenas e iconografia cristã com santos e todo seu imaginário, e praticas de bruxas ibéricas em forma de preces e conjuros.

O que amplia muito o sistema simbólico, religioso, mágico, devocional e curativo. Assim sendo o curandeiro santero ao ser observado com atenção, apresentará em sua performance traços de influência africana, indígena e européia.
Nessas crenças há um forte elo estreito, entre a relação dos humanos, da natureza e do mundo dos mortos. Encarado com naturalidade e sem temores.

Os praticantes, em especial o que no Brasil se conhece como Mãe ou Pai de Santo, manipulam plantas, animais, tanto para fins benéficos e maléficos, criando todo um ambiente de representações simbólicas e metafóricas ritualizadas, a fim de exercer e ser ponte de comunicação e diálogo entre seus seguidores, seu meio e sua cosmogonia.

Na América com um todo, se encontra além das já citadas, religiões africanas como o Dahomé, Congo, Angola, que possuem influência não do catolicismo, mas sim do Islã.
Dentro das sincréticas, se percebe, mesmo distando dos dogmas do cristianismo, que o praticante encara o mundo físico e espiritual como dimensões do mesmo universo. Fenômenos naturais, deidades e espíritos, fazem parte do mesmo plano mágico-religioso.
Mas o que é a Santería?

É uma religião afro-caribenha que combina aspectos animistas e panteístas à devoção dos ancestrais e ao catolicismo.

Ela é sincrética, pois mistura crenças nos Orichas ou deuses do panteão ioruba, com santos católicos.

Sua cosmogonia possui inúmeros mitos, lendas que originam uma serie considerável de cerimônias, e costumes complexos de entender ao alheio a elas.

Os Orichas mais importantes são Obatala, Ochun, Yemaya, Oya, Chango, Elewa, Ogun, Ochosi e Ozun. Em torno a eles ocorrem os ritos de iniciação, divinação e magia.

A magia dentro da Santería vem intrinsecamente ligada à religião, ela é o meio que o praticante possui para aceder ao conhecimento superior dos Orichas, e nela como citei o bem e o mal se misturam e não há o sentido de culpa na dimensão que lhe é dada em outras religiões.

Na Santería são venerados Olodumare também conhecido como Olofi e Olorun, deus supremo e poderoso, aos Orichas nas forças da natureza onde se manifesta o desejo de Olodumare.

Tendo como objetivo essa devoção e obediência, ritos e celebrações, o praticante garante proteção, saúde, sorte, bem-estar, a possibilidade de saber quanto ao futuro e modifica-lo. Além certamente do conforto espiritual como sistema religioso.



Axé a todos Irmãos de Fé
Emidio de Ogum
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Santería - Religião de Origem Africana no Caribe



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Artigo para leitura e esclarecimentos, a Santería uma religião oriunda do povo Africano.

Muito parecido com nosso Candomblé e nossa Umbanda, mas também muito distante dos nossos ritos; no Caribe existem com profunda crença, força e convicção praticas oriundas das religiões africanas em muitas localidades do Caribe e Américas (do Sul, Central e do Norte), que pouco se distanciaram das suas raízes originais, mesmo com o passar do tempo, e as incontáveis interferências da cultura branca e religiões predominantes.

Entende-se que essa pureza nas praticas, crenças e costumes radique no fato de ainda hoje em alguns paises ou regiões, elas permanecerem secretas, mantidas em sigilo por ainda serem encaradas como bárbaras e incongruentes ao sistema político-religioso padrão.

Nas matas e espaços afastados dos centros urbanos se crê, habitam como na África, as mesmas deidades ancestrais, espíritos poderosos que ainda hoje, como outrora, são temidos e venerados, e cuja benevolência ou hostilidade continuam dependentes do êxito ou fracasso nas devoções, sacrifícios, oferendas e tratamento a elas outorgadas.

Não se duvida em momento algum da sobre-naturalidade e presenças invisíveis e vez por outra visíveis das deidades e espíritos sagrados que possuem morada "en el Monte".

"El Monte" é o espaço para uma miríade de seres fantásticos, com duplicidade e dualidades radicais quanto à sua natureza. Nele o praticante da Santería, do Vodu ou do Lucumí, entra em contato com "seres estranhos de outros mundos", "espíritos maléficos do alem", "animais fantásticos" (como Keneno e Kiama) e as deidades mais espetaculares jamais vistas.

É um universo secreto, complexo e completo. É na mata onde aqueles que possuem o dom da clarividência, clariaudiência e mediunidade, podem passar dias submersos em visões que para o olho humano comum se tornariam impossíveis de aceitar e compreender.

Adentrar em tal universo requer indispensáveis instruções, somente conhecidas pelos velhos "criollos" que na memória guardam as formas e fórmulas de aceder, agradar e manter conexão com esses seres, que se mostram estranhamente interessados pelo mundo humano.

O contato entre os dois mundos solicita então o saber como proceder de acordo às regras estabelecidas pelas próprias deidades. O homem deve saber como "entrar en el Monte", pois ele é um templo.
Assim o praticante que de fato conheça os meandros das religiões afro-caribenhas americanas, sabe que na mata terá tudo o absolutamente necessário para honrar, solicitar, agradecer ou curar, mas que para fazer uso disso, daquilo que a mata oferece, jamais poderá tomar o que deseja seja, planta, madeira, roxa, pedra, animal, sem respeitosamente pedir permissão aos guardiões desses elementos.

Em alguns casos, deverá "pagar" pelo seu uso, com tabaco, aguardente ou dinheiro. Pois cada pedaço da mata possui seu dono.

A resistência dos homens e mulheres africanos em manter sua religião original, mesmo sendo obrigado a participar das celebrações cristãs, permitiu que hoje, ainda que encobertas por algumas camadas de simbologia cristã e dos ritos indígenas, as praticas secretas tenham se disseminado até nós, sob (como já foi citado) os nomes de Santería (Caribe, Florida, Venezuela, América Central), Candomblé (Guianas e Brasil) e Vodu (Haiti). Como premiação para os que conseguem chegar ao âmago das suas praticas, essas religiões surgem sem traços do catolicismo.

A Santería possui bases na religião Ioruba, praticada na Nigéria e Benin. Ela se manifesta no cotidiano de quem nela acredita na maneira particular de ver o mundo mediante a conceitualização mágico-religiosa das relações sociais, das relações com a natureza, com o universo e o sobre-natural.

Essa visão religiosa é resultado de um profundo processo de des-construção dos paradigmas autóctones da identidade africana e a re-criação de uma nova postura cultural que exigiu a adaptação de outros costumes, pontos de vista, através do sincretismo, re-interpretação dos valores religiosos mediante personagens da mitologia católica e transculturação.

É unificada nessa postura mágico-religiosa a tradição africana, as indígenas e iconografia cristã com santos e todo seu imaginário, e praticas de bruxas ibéricas em forma de preces e conjuros.

O que amplia muito o sistema simbólico, religioso, mágico, devocional e curativo. Assim sendo o curandeiro santero ao ser observado com atenção, apresentará em sua performance traços de influência africana, indígena e européia.
Nessas crenças há um forte elo estreito, entre a relação dos humanos, da natureza e do mundo dos mortos. Encarado com naturalidade e sem temores.

Os praticantes, em especial o que no Brasil se conhece como Mãe ou Pai de Santo, manipulam plantas, animais, tanto para fins benéficos e maléficos, criando todo um ambiente de representações simbólicas e metafóricas ritualizadas, a fim de exercer e ser ponte de comunicação e diálogo entre seus seguidores, seu meio e sua cosmogonia.

Na América com um todo, se encontra além das já citadas, religiões africanas como o Dahomé, Congo, Angola, que possuem influência não do catolicismo, mas sim do Islã.
Dentro das sincréticas, se percebe, mesmo distando dos dogmas do cristianismo, que o praticante encara o mundo físico e espiritual como dimensões do mesmo universo. Fenômenos naturais, deidades e espíritos, fazem parte do mesmo plano mágico-religioso.
Mas o que é a Santería?

É uma religião afro-caribenha que combina aspectos animistas e panteístas à devoção dos ancestrais e ao catolicismo.

Ela é sincrética, pois mistura crenças nos Orichas ou deuses do panteão ioruba, com santos católicos.

Sua cosmogonia possui inúmeros mitos, lendas que originam uma serie considerável de cerimônias, e costumes complexos de entender ao alheio a elas.

Os Orichas mais importantes são Obatala, Ochun, Yemaya, Oya, Chango, Elewa, Ogun, Ochosi e Ozun. Em torno a eles ocorrem os ritos de iniciação, divinação e magia.

A magia dentro da Santería vem intrinsecamente ligada à religião, ela é o meio que o praticante possui para aceder ao conhecimento superior dos Orichas, e nela como citei o bem e o mal se misturam e não há o sentido de culpa na dimensão que lhe é dada em outras religiões.

Na Santería são venerados Olodumare também conhecido como Olofi e Olorun, deus supremo e poderoso, aos Orichas nas forças da natureza onde se manifesta o desejo de Olodumare.

Tendo como objetivo essa devoção e obediência, ritos e celebrações, o praticante garante proteção, saúde, sorte, bem-estar, a possibilidade de saber quanto ao futuro e modifica-lo. Além certamente do conforto espiritual como sistema religioso.



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Muito parecido com nosso Candomblé e nossa Umbanda, mas também muito distante dos nossos ritos; no Caribe existem com profunda crença, força e convicção praticas oriundas das religiões africanas em muitas localidades do Caribe e Américas (do Sul, Central e do Norte), que pouco se distanciaram das suas raízes originais, mesmo com o passar do tempo, e as incontáveis interferências da cultura branca e religiões predominantes.

Entende-se que essa pureza nas praticas, crenças e costumes radique no fato de ainda hoje em alguns paises ou regiões, elas permanecerem secretas, mantidas em sigilo por ainda serem encaradas como bárbaras e incongruentes ao sistema político-religioso padrão.

Nas matas e espaços afastados dos centros urbanos se crê, habitam como na África, as mesmas deidades ancestrais, espíritos poderosos que ainda hoje, como outrora, são temidos e venerados, e cuja benevolência ou hostilidade continuam dependentes do êxito ou fracasso nas devoções, sacrifícios, oferendas e tratamento a elas outorgadas.

Não se duvida em momento algum da sobre-naturalidade e presenças invisíveis e vez por outra visíveis das deidades e espíritos sagrados que possuem morada "en el Monte".

"El Monte" é o espaço para uma miríade de seres fantásticos, com duplicidade e dualidades radicais quanto à sua natureza. Nele o praticante da Santería, do Vodu ou do Lucumí, entra em contato com "seres estranhos de outros mundos", "espíritos maléficos do alem", "animais fantásticos" (como Keneno e Kiama) e as deidades mais espetaculares jamais vistas.

É um universo secreto, complexo e completo. É na mata onde aqueles que possuem o dom da clarividência, clariaudiência e mediunidade, podem passar dias submersos em visões que para o olho humano comum se tornariam impossíveis de aceitar e compreender.

Adentrar em tal universo requer indispensáveis instruções, somente conhecidas pelos velhos "criollos" que na memória guardam as formas e fórmulas de aceder, agradar e manter conexão com esses seres, que se mostram estranhamente interessados pelo mundo humano.

O contato entre os dois mundos solicita então o saber como proceder de acordo às regras estabelecidas pelas próprias deidades. O homem deve saber como "entrar en el Monte", pois ele é um templo.
Assim o praticante que de fato conheça os meandros das religiões afro-caribenhas americanas, sabe que na mata terá tudo o absolutamente necessário para honrar, solicitar, agradecer ou curar, mas que para fazer uso disso, daquilo que a mata oferece, jamais poderá tomar o que deseja seja, planta, madeira, roxa, pedra, animal, sem respeitosamente pedir permissão aos guardiões desses elementos.

Em alguns casos, deverá "pagar" pelo seu uso, com tabaco, aguardente ou dinheiro. Pois cada pedaço da mata possui seu dono.

A resistência dos homens e mulheres africanos em manter sua religião original, mesmo sendo obrigado a participar das celebrações cristãs, permitiu que hoje, ainda que encobertas por algumas camadas de simbologia cristã e dos ritos indígenas, as praticas secretas tenham se disseminado até nós, sob (como já foi citado) os nomes de Santería (Caribe, Florida, Venezuela, América Central), Candomblé (Guianas e Brasil) e Vodu (Haiti). Como premiação para os que conseguem chegar ao âmago das suas praticas, essas religiões surgem sem traços do catolicismo.

A Santería possui bases na religião Ioruba, praticada na Nigéria e Benin. Ela se manifesta no cotidiano de quem nela acredita na maneira particular de ver o mundo mediante a conceitualização mágico-religiosa das relações sociais, das relações com a natureza, com o universo e o sobre-natural.

Essa visão religiosa é resultado de um profundo processo de des-construção dos paradigmas autóctones da identidade africana e a re-criação de uma nova postura cultural que exigiu a adaptação de outros costumes, pontos de vista, através do sincretismo, re-interpretação dos valores religiosos mediante personagens da mitologia católica e transculturação.

É unificada nessa postura mágico-religiosa a tradição africana, as indígenas e iconografia cristã com santos e todo seu imaginário, e praticas de bruxas ibéricas em forma de preces e conjuros.

O que amplia muito o sistema simbólico, religioso, mágico, devocional e curativo. Assim sendo o curandeiro santero ao ser observado com atenção, apresentará em sua performance traços de influência africana, indígena e européia.
Nessas crenças há um forte elo estreito, entre a relação dos humanos, da natureza e do mundo dos mortos. Encarado com naturalidade e sem temores.

Os praticantes, em especial o que no Brasil se conhece como Mãe ou Pai de Santo, manipulam plantas, animais, tanto para fins benéficos e maléficos, criando todo um ambiente de representações simbólicas e metafóricas ritualizadas, a fim de exercer e ser ponte de comunicação e diálogo entre seus seguidores, seu meio e sua cosmogonia.

Na América com um todo, se encontra além das já citadas, religiões africanas como o Dahomé, Congo, Angola, que possuem influência não do catolicismo, mas sim do Islã.
Dentro das sincréticas, se percebe, mesmo distando dos dogmas do cristianismo, que o praticante encara o mundo físico e espiritual como dimensões do mesmo universo. Fenômenos naturais, deidades e espíritos, fazem parte do mesmo plano mágico-religioso.
Mas o que é a Santería?

É uma religião afro-caribenha que combina aspectos animistas e panteístas à devoção dos ancestrais e ao catolicismo.

Ela é sincrética, pois mistura crenças nos Orichas ou deuses do panteão ioruba, com santos católicos.

Sua cosmogonia possui inúmeros mitos, lendas que originam uma serie considerável de cerimônias, e costumes complexos de entender ao alheio a elas.

Os Orichas mais importantes são Obatala, Ochun, Yemaya, Oya, Chango, Elewa, Ogun, Ochosi e Ozun. Em torno a eles ocorrem os ritos de iniciação, divinação e magia.

A magia dentro da Santería vem intrinsecamente ligada à religião, ela é o meio que o praticante possui para aceder ao conhecimento superior dos Orichas, e nela como citei o bem e o mal se misturam e não há o sentido de culpa na dimensão que lhe é dada em outras religiões.

Na Santería são venerados Olodumare também conhecido como Olofi e Olorun, deus supremo e poderoso, aos Orichas nas forças da natureza onde se manifesta o desejo de Olodumare.

Tendo como objetivo essa devoção e obediência, ritos e celebrações, o praticante garante proteção, saúde, sorte, bem-estar, a possibilidade de saber quanto ao futuro e modifica-lo. Além certamente do conforto espiritual como sistema religioso.



Axé a todos Irmãos de Fé
Emidio de Ogum
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Santería - Religião de Origem Africana no Caribe



q

Artigo para leitura e esclarecimentos, a Santería uma religião oriunda do povo Africano.

Muito parecido com nosso Candomblé e nossa Umbanda, mas também muito distante dos nossos ritos; no Caribe existem com profunda crença, força e convicção praticas oriundas das religiões africanas em muitas localidades do Caribe e Américas (do Sul, Central e do Norte), que pouco se distanciaram das suas raízes originais, mesmo com o passar do tempo, e as incontáveis interferências da cultura branca e religiões predominantes.

Entende-se que essa pureza nas praticas, crenças e costumes radique no fato de ainda hoje em alguns paises ou regiões, elas permanecerem secretas, mantidas em sigilo por ainda serem encaradas como bárbaras e incongruentes ao sistema político-religioso padrão.

Nas matas e espaços afastados dos centros urbanos se crê, habitam como na África, as mesmas deidades ancestrais, espíritos poderosos que ainda hoje, como outrora, são temidos e venerados, e cuja benevolência ou hostilidade continuam dependentes do êxito ou fracasso nas devoções, sacrifícios, oferendas e tratamento a elas outorgadas.

Não se duvida em momento algum da sobre-naturalidade e presenças invisíveis e vez por outra visíveis das deidades e espíritos sagrados que possuem morada "en el Monte".

"El Monte" é o espaço para uma miríade de seres fantásticos, com duplicidade e dualidades radicais quanto à sua natureza. Nele o praticante da Santería, do Vodu ou do Lucumí, entra em contato com "seres estranhos de outros mundos", "espíritos maléficos do alem", "animais fantásticos" (como Keneno e Kiama) e as deidades mais espetaculares jamais vistas.

É um universo secreto, complexo e completo. É na mata onde aqueles que possuem o dom da clarividência, clariaudiência e mediunidade, podem passar dias submersos em visões que para o olho humano comum se tornariam impossíveis de aceitar e compreender.

Adentrar em tal universo requer indispensáveis instruções, somente conhecidas pelos velhos "criollos" que na memória guardam as formas e fórmulas de aceder, agradar e manter conexão com esses seres, que se mostram estranhamente interessados pelo mundo humano.

O contato entre os dois mundos solicita então o saber como proceder de acordo às regras estabelecidas pelas próprias deidades. O homem deve saber como "entrar en el Monte", pois ele é um templo.
Assim o praticante que de fato conheça os meandros das religiões afro-caribenhas americanas, sabe que na mata terá tudo o absolutamente necessário para honrar, solicitar, agradecer ou curar, mas que para fazer uso disso, daquilo que a mata oferece, jamais poderá tomar o que deseja seja, planta, madeira, roxa, pedra, animal, sem respeitosamente pedir permissão aos guardiões desses elementos.

Em alguns casos, deverá "pagar" pelo seu uso, com tabaco, aguardente ou dinheiro. Pois cada pedaço da mata possui seu dono.

A resistência dos homens e mulheres africanos em manter sua religião original, mesmo sendo obrigado a participar das celebrações cristãs, permitiu que hoje, ainda que encobertas por algumas camadas de simbologia cristã e dos ritos indígenas, as praticas secretas tenham se disseminado até nós, sob (como já foi citado) os nomes de Santería (Caribe, Florida, Venezuela, América Central), Candomblé (Guianas e Brasil) e Vodu (Haiti). Como premiação para os que conseguem chegar ao âmago das suas praticas, essas religiões surgem sem traços do catolicismo.

A Santería possui bases na religião Ioruba, praticada na Nigéria e Benin. Ela se manifesta no cotidiano de quem nela acredita na maneira particular de ver o mundo mediante a conceitualização mágico-religiosa das relações sociais, das relações com a natureza, com o universo e o sobre-natural.

Essa visão religiosa é resultado de um profundo processo de des-construção dos paradigmas autóctones da identidade africana e a re-criação de uma nova postura cultural que exigiu a adaptação de outros costumes, pontos de vista, através do sincretismo, re-interpretação dos valores religiosos mediante personagens da mitologia católica e transculturação.

É unificada nessa postura mágico-religiosa a tradição africana, as indígenas e iconografia cristã com santos e todo seu imaginário, e praticas de bruxas ibéricas em forma de preces e conjuros.

O que amplia muito o sistema simbólico, religioso, mágico, devocional e curativo. Assim sendo o curandeiro santero ao ser observado com atenção, apresentará em sua performance traços de influência africana, indígena e européia.
Nessas crenças há um forte elo estreito, entre a relação dos humanos, da natureza e do mundo dos mortos. Encarado com naturalidade e sem temores.

Os praticantes, em especial o que no Brasil se conhece como Mãe ou Pai de Santo, manipulam plantas, animais, tanto para fins benéficos e maléficos, criando todo um ambiente de representações simbólicas e metafóricas ritualizadas, a fim de exercer e ser ponte de comunicação e diálogo entre seus seguidores, seu meio e sua cosmogonia.

Na América com um todo, se encontra além das já citadas, religiões africanas como o Dahomé, Congo, Angola, que possuem influência não do catolicismo, mas sim do Islã.
Dentro das sincréticas, se percebe, mesmo distando dos dogmas do cristianismo, que o praticante encara o mundo físico e espiritual como dimensões do mesmo universo. Fenômenos naturais, deidades e espíritos, fazem parte do mesmo plano mágico-religioso.
Mas o que é a Santería?

É uma religião afro-caribenha que combina aspectos animistas e panteístas à devoção dos ancestrais e ao catolicismo.

Ela é sincrética, pois mistura crenças nos Orichas ou deuses do panteão ioruba, com santos católicos.

Sua cosmogonia possui inúmeros mitos, lendas que originam uma serie considerável de cerimônias, e costumes complexos de entender ao alheio a elas.

Os Orichas mais importantes são Obatala, Ochun, Yemaya, Oya, Chango, Elewa, Ogun, Ochosi e Ozun. Em torno a eles ocorrem os ritos de iniciação, divinação e magia.

A magia dentro da Santería vem intrinsecamente ligada à religião, ela é o meio que o praticante possui para aceder ao conhecimento superior dos Orichas, e nela como citei o bem e o mal se misturam e não há o sentido de culpa na dimensão que lhe é dada em outras religiões.

Na Santería são venerados Olodumare também conhecido como Olofi e Olorun, deus supremo e poderoso, aos Orichas nas forças da natureza onde se manifesta o desejo de Olodumare.

Tendo como objetivo essa devoção e obediência, ritos e celebrações, o praticante garante proteção, saúde, sorte, bem-estar, a possibilidade de saber quanto ao futuro e modifica-lo. Além certamente do conforto espiritual como sistema religioso.



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Muito parecido com nosso Candomblé e nossa Umbanda, mas também muito distante dos nossos ritos; no Caribe existem com profunda crença, força e convicção praticas oriundas das religiões africanas em muitas localidades do Caribe e Américas (do Sul, Central e do Norte), que pouco se distanciaram das suas raízes originais, mesmo com o passar do tempo, e as incontáveis interferências da cultura branca e religiões predominantes.

Entende-se que essa pureza nas praticas, crenças e costumes radique no fato de ainda hoje em alguns paises ou regiões, elas permanecerem secretas, mantidas em sigilo por ainda serem encaradas como bárbaras e incongruentes ao sistema político-religioso padrão.

Nas matas e espaços afastados dos centros urbanos se crê, habitam como na África, as mesmas deidades ancestrais, espíritos poderosos que ainda hoje, como outrora, são temidos e venerados, e cuja benevolência ou hostilidade continuam dependentes do êxito ou fracasso nas devoções, sacrifícios, oferendas e tratamento a elas outorgadas.

Não se duvida em momento algum da sobre-naturalidade e presenças invisíveis e vez por outra visíveis das deidades e espíritos sagrados que possuem morada "en el Monte".

"El Monte" é o espaço para uma miríade de seres fantásticos, com duplicidade e dualidades radicais quanto à sua natureza. Nele o praticante da Santería, do Vodu ou do Lucumí, entra em contato com "seres estranhos de outros mundos", "espíritos maléficos do alem", "animais fantásticos" (como Keneno e Kiama) e as deidades mais espetaculares jamais vistas.

É um universo secreto, complexo e completo. É na mata onde aqueles que possuem o dom da clarividência, clariaudiência e mediunidade, podem passar dias submersos em visões que para o olho humano comum se tornariam impossíveis de aceitar e compreender.

Adentrar em tal universo requer indispensáveis instruções, somente conhecidas pelos velhos "criollos" que na memória guardam as formas e fórmulas de aceder, agradar e manter conexão com esses seres, que se mostram estranhamente interessados pelo mundo humano.

O contato entre os dois mundos solicita então o saber como proceder de acordo às regras estabelecidas pelas próprias deidades. O homem deve saber como "entrar en el Monte", pois ele é um templo.
Assim o praticante que de fato conheça os meandros das religiões afro-caribenhas americanas, sabe que na mata terá tudo o absolutamente necessário para honrar, solicitar, agradecer ou curar, mas que para fazer uso disso, daquilo que a mata oferece, jamais poderá tomar o que deseja seja, planta, madeira, roxa, pedra, animal, sem respeitosamente pedir permissão aos guardiões desses elementos.

Em alguns casos, deverá "pagar" pelo seu uso, com tabaco, aguardente ou dinheiro. Pois cada pedaço da mata possui seu dono.

A resistência dos homens e mulheres africanos em manter sua religião original, mesmo sendo obrigado a participar das celebrações cristãs, permitiu que hoje, ainda que encobertas por algumas camadas de simbologia cristã e dos ritos indígenas, as praticas secretas tenham se disseminado até nós, sob (como já foi citado) os nomes de Santería (Caribe, Florida, Venezuela, América Central), Candomblé (Guianas e Brasil) e Vodu (Haiti). Como premiação para os que conseguem chegar ao âmago das suas praticas, essas religiões surgem sem traços do catolicismo.

A Santería possui bases na religião Ioruba, praticada na Nigéria e Benin. Ela se manifesta no cotidiano de quem nela acredita na maneira particular de ver o mundo mediante a conceitualização mágico-religiosa das relações sociais, das relações com a natureza, com o universo e o sobre-natural.

Essa visão religiosa é resultado de um profundo processo de des-construção dos paradigmas autóctones da identidade africana e a re-criação de uma nova postura cultural que exigiu a adaptação de outros costumes, pontos de vista, através do sincretismo, re-interpretação dos valores religiosos mediante personagens da mitologia católica e transculturação.

É unificada nessa postura mágico-religiosa a tradição africana, as indígenas e iconografia cristã com santos e todo seu imaginário, e praticas de bruxas ibéricas em forma de preces e conjuros.

O que amplia muito o sistema simbólico, religioso, mágico, devocional e curativo. Assim sendo o curandeiro santero ao ser observado com atenção, apresentará em sua performance traços de influência africana, indígena e européia.
Nessas crenças há um forte elo estreito, entre a relação dos humanos, da natureza e do mundo dos mortos. Encarado com naturalidade e sem temores.

Os praticantes, em especial o que no Brasil se conhece como Mãe ou Pai de Santo, manipulam plantas, animais, tanto para fins benéficos e maléficos, criando todo um ambiente de representações simbólicas e metafóricas ritualizadas, a fim de exercer e ser ponte de comunicação e diálogo entre seus seguidores, seu meio e sua cosmogonia.

Na América com um todo, se encontra além das já citadas, religiões africanas como o Dahomé, Congo, Angola, que possuem influência não do catolicismo, mas sim do Islã.
Dentro das sincréticas, se percebe, mesmo distando dos dogmas do cristianismo, que o praticante encara o mundo físico e espiritual como dimensões do mesmo universo. Fenômenos naturais, deidades e espíritos, fazem parte do mesmo plano mágico-religioso.
Mas o que é a Santería?

É uma religião afro-caribenha que combina aspectos animistas e panteístas à devoção dos ancestrais e ao catolicismo.

Ela é sincrética, pois mistura crenças nos Orichas ou deuses do panteão ioruba, com santos católicos.

Sua cosmogonia possui inúmeros mitos, lendas que originam uma serie considerável de cerimônias, e costumes complexos de entender ao alheio a elas.

Os Orichas mais importantes são Obatala, Ochun, Yemaya, Oya, Chango, Elewa, Ogun, Ochosi e Ozun. Em torno a eles ocorrem os ritos de iniciação, divinação e magia.

A magia dentro da Santería vem intrinsecamente ligada à religião, ela é o meio que o praticante possui para aceder ao conhecimento superior dos Orichas, e nela como citei o bem e o mal se misturam e não há o sentido de culpa na dimensão que lhe é dada em outras religiões.

Na Santería são venerados Olodumare também conhecido como Olofi e Olorun, deus supremo e poderoso, aos Orichas nas forças da natureza onde se manifesta o desejo de Olodumare.

Tendo como objetivo essa devoção e obediência, ritos e celebrações, o praticante garante proteção, saúde, sorte, bem-estar, a possibilidade de saber quanto ao futuro e modifica-lo. Além certamente do conforto espiritual como sistema religioso.



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