Domingo, 22 de Abril de 2012

Mitologia Bantu






Mitologia Bantu



Queridos irmãos, vamos falar um pouco mais sobre o Candomblé, principalmente sobre a nação Bantu, com certeza um pouco mais de conhecimento a nossa querida religião afro.

Trazemos as referências dos Jinkisi/Mukixi e algumas referências aos Orixás yorubá mais conhecidos, mas entendemos estas semelhanças como caminhos, e não como individualidades.


Vejamos no Brasil quais os cultos que prevalecem nos candomblés Angola/Congo (com algumas variações de casa para casa ou de família para família de culto).


• Pambu Njila – Senhor dos caminhos e dos começos. Guardião das aldeias e que tinha seu culto geralmente nas suas entradas, tal qual o exu yorubá ou o Legbará Daomeano. Ou seja, o caminho é o mesmo, muda-se o nome, a língua, algumas tradições, mas a idéia é a mesma, então para se assimilar Exu com Pambu Njila, foi fácil, mas cada tradição mantem suas especificações, mesmo que troquem a língua falada ou o nome de um pelo outro.


• Tat´etu Hoxi Mukumbi / Nkosi Mukumbi – O leão. O devorador de almas, o guerreiro, o lutador, o forjador, o senhor do ferro. Ligado a causas sociais e de lutas. Daí associar este culto com o Ogum dos yorubás não foi difícil, pois o caminho mitológico é o mesmo. Achar que somente um povo africano cultuava o ferreiro e o guerreiro divino é no mínimo simplicista.


• Tat´etu Katendê - Senhor das florestas e das Jinsaba (plural de Nsaba) – a folha sagrada. Senhor das alquimias divinas. Senhor do retiro e da vida de ermitão nas florestas; às vezes também entendido como sendo uma Senhora, mas em geral mantém a idéia masculina. O caminho é o mesmo do Ossain dos Yorubá ou Ágüé dos Daomeanos. Então os mais velhos entenderam assim e trocavam um nome pelo outro...


• Tat´etu Mutakalambô / Mutakulamburungunzo (o mais velho) – O caçador divino que era responsável pela fartura e pela defesa da aldeia. O Caçador divino. Todos os povos antigos tinham o seu caçador e defensor divino que era responsável pela fartura e pela defesa da aldeia. O Caçador divino não é ninguém. Cada povo lhe entendeu de um jeito e lhe representou na sua cultura e na sua língua, mas faz parte do inconsciente coletivo de tempos imemoráveis. Também andam neste caminho,Nkongobila / Telekompenso. Estes caçadores bantu para se identificarem com qualquer outro caçador mitológico não foi difícil. Aí entra Ossosse os Odé dos Yorubá e até os caçadores ancestrais brasileiros, como caboclos, etc...


• Tat´etu Nsumbu / Kavungo – Senhor da terra. Do chão. É um nkisi Nsi. Tem caminhos com antepassados e une-se a eles para encaminhá-los. É o senhor da ráfia e das enfermidades... Como está no mesmo nível mitológico de Obaluaê/Omolu os mais velhos viram sua representação mitológica.


• Tat´etu Kindembu (Tempo) – Ligado ao tempo cronológico e mitológico. O Senhor das transformações o que guia o seu povo nômade através da sua bandeira branca, assim todos, por longe que esteja pode se unir ao líder, porque o mastro da sua bandeira é tão alto que pode ser visto de qualquer lugar. O que não deixa os caçadores perdidos (pois os Nkisis são, em sua natureza primeira todos caçadores e guerreiros, pois assim a aldeia e seus descendentes estariam garantidos). Nzara Ndembu (glória ao tempo). Ligado à ancestralidade, devido a sua ligação com Kaviungo. Este é o menos sincretizado, embora muitos o concebam como Iroko / Loko, da mitologia Gêge-nagô.


• Tat´etu Nzaazi – O raio sagrado. Ligado à justiça, ao fogo e de natureza arrojada. Mitologicamente cavalga os céus com seus 12 cães (raios) e executa a justiça. Neste caminho também anda Sango.


• Tat´etu Hongolo (Angorô) – O arco-íris, ligado aos movimentos de subida e descida das águas. Também identifica-se com a cobra sagrada que aparece em todas as mitologias antigas. Identificar este Mukixi/Nkisi com Bessém (que algumas famílias de angola no Brasil podem cultua-lo inclusive como um vodum mesmo, por herança, pois se somos brasileiros tudo que os nossos antepassados africanos trouxeram é nosso, por herança) ou Oxumarê, não foi nenhum sacrilégio. Hongolo, se lê angorô (arco Íris).


• Mamétu Mbambulucema /Matamba – Ligada aos ancestrais Yumbi (vumbi) e ao fogo, bem como aos fenômenos que vem no Duilo (céu), como tempestades, etc... É o caminho do Orissá Oiá.


• Mam´etu Ndandalunda – Nda = Senhora. Ndanda – Nobilíssima senhora, Rainha, princesa, Senhora de grande pretigio, cultuada na terra dos Lundas. Senhora de riquezas ligada ao ouro e aos dengos femininos, bem como a fertilidade e nascimento. Tem fortes ligações com Hongolo, devido ao movimento das águas. Não é nenhum sacrilégio identificá-la com a Yá Oxum dos Yorubá. Ndandalunda kissimbi, Ndandalunda kia Maza. Neste caminho também está Kissimbe, como Senhora das águas doces.


• Mam´etu Kaiá(la) /Nkaiá´- Senhora das águas. Nível mitológico das sereias. Das grandes mães mitológicas. Juntamente com Ndandalunda e Kissimbi se tornam as mães d´águas. Ver esta divindade identificada com Yemanjá não deveria causar nenhum espanto. Andam neste caminho Nkukueto e até Kissanga (que também é uma sereia).


• Mam´etu Nzumbá – Senhora do roxo. Senhora dos antepassados mistérios antigos. Senhora muito similar em sua mitologia a Nana Buruku. A mais antiga das mães. A mãe ancestral. A anterior a era dos metais e das grandes descobertas. Ligada ao culto da vida e da morte, por ser dela detentora destes segredos. 


• Tat´etu Nkassuté Lembá ´Lembarenganga´- O Senhor do Mulele Ndele (Pano branco). O Senhor ligado a criação. Embora também se manifeste como um guerreiro audaz (Nkassuté Lembá) , traz em seu caminho a representação dos muitos tempos passados e eternos, pois se apóia em um cajado ritual, que significa que Ele merece respeito por ser o mais Nkakulu (velho). Pembelê lembá (Eu te saúdo Lembá).


Como vimos, os mais velhos trouxeram cantigas, rezas, tudo em kibundo e kikongo (algumas também em Umbundo e outros dialetos). Muita coisa se perdeu até mesmo por haver a associação com as tradições bantu. Não que estas sejam mais certas ou mais erradas, mas que cada tradição deve ser mantida e respeitada, pois faz parte da história da própria humanidade, de como nos organizamos, como desenvolvemos outros falares, de como nos organizamos como sociedade, etc... e ao que parece, tínhamos um culto primitivo comum que com as distancias das eras e também geográfica


Que a Divina Luz esteja entre nós
Emidio de Ogum http://espadadeogum.blogspot.com
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Sábado, 21 de Abril de 2012

Cabula uma religião afro

 Queridos irmãos vamos falar hoje sobre mais uma religião afro, a Cabula, muito mais antiga que nossa Umbanda, “A Mesa e o Santé – a Cabula é uma confraria de irmãos devotados à invocação das almas, de cada um dos kimbula, os espíritos congos que metem medo. Também se dedica à comunicação com eles por meio do kambula, o desfalecimento, a síncope, o transe enfim. Toda confraria de cabulistas constitui uma mesa. O chefe de cada mesa é o embanda, a quem todos devem obedecer. Cada embanda é secundado por um cambone. A cabula é dirigida por um espírito, Tata, que encarna nos camanás, iniciados. Sua finalidade é o contato direto com o Santé, o conjunto de espíritos da natureza que moram nas matas. Por isso, todos os camanás devem trabalhar e se esforçar para receber esse Santé, preparando-se mediante abstinência e penitências. Cada um dos espíritos que formam o Santé é um Tata. Todo camaná tem e recebe seu Tata protetor, seja ele o Tata Guerreiro, o Tata Flor de Carunga, o Tata Rompe Serra, o Tata Rompe Ponte. Na mata moram os Bacuros, anciãos, antepassados, que nunca encarnam. A reunião dos camanás forma a engira (…)

Omolocô – O omolocô é um ramo da cabula, da mesma forma que a cabula é um ramo do omolocô, ciência dos antigos nganga-ia-muloko, que controlavam a maldição dos raios. O omolocô tem Zambi como Entidade Suprema. E cultua entidades como Canjira, o senhor dos caminhos e da guerra; Quimboto, o dono da varíola e das doenças; Caiala, senhora do mar; Pomboê, dona dos raios; Zambanguri ou Sambariri, senhor do trovão;Quiximbi ou Mamãe Cinda, dona das águas doces.
No Omolocô todo pai é um Tata; seus auxiliares são os cambones; todo filho é um caçueto; e toda médium, intermediária entre o Santé e o mundo dos vivos, é uma cota. E todos são malungos, amigos, companheiros.
A bandeira do Omolocô é verde, atravessada em diagonal por uma linha branca e com uma pena branca no centro (…) O camutuê, cabeça, do futuro caçueto não será raspado, recebendo apenas uma pequena tonsura (…)”
preto velho
Influencia na umbanda.
A Cabula, segundo pesquisas refere-se aos rituais negros mais antigos, envolvendo imagens de santos católicos, herança da fase reprimida do Candomblé, onde os negros mesclavam crenças e culturas.
Talvez a própria Umbanda, tenha herança na Cabula, pois mantém forte a presença do Orixá em sua pratica doutrinária.
No Rio de Janeiro, antes mesmo de Zélio F. de Moraes incorporar o Caboclo Sete encruzilhadas no ano de 1908, já era bastante comum à prática dos rituais Afros similares aos que conhecemos hoje como Cabula, Omolocô e Almas e Angola. Talvez com o surgimento da Umbanda, tenha-se obtido uma maior organização ao que se refere ao desenvolvimento mediúnico, a prática da caridade e o auxílio ao nicho populacional menos favorecido.
Cabuleiros
Segundo Roger Medeiros o temor e, conseqüentemente, a perseguição à cabula vêm lá de trás, ainda por ocasião da escravatura, quando ela foi usada pelos negros como força revolucionária nos seus confrontos com os fazendeiros. A cabula era um ritual para abater os inimigos com feitiço, executando continuamente líderes escravagistas, especialmente aqueles que perseguiam os negros fugidos da senzala. Era, em verdade, um instrumento de luta manejado por um guerreiro invisível e intangível, de demônios constituído. O ódio era maior, principalmente, se esse feiticeiro fosse remanescente dos vindos da África.
(Segundo um dos maiores especialistas em assuntos da África, o jornalista polonês Rysard Kapuscinski, os povos africanos são regidos por forças sobrenaturais. São forças concretas, espíritos que têm nomes e encantos. São eles que definem o curso e o sentido da vida, sentenciam o destino de cada um e tudo decidem).
Realmente esse sentido de magia afro, guardadas, evidentemente, as devidas distâncias, tem tudo a ver com a nossa cabula, cujo ritual nos é contado agora por um antigo adepto, João de Deus Falcão dos Santos, 53 anos, morador de Itaúnas, mestre do Ticumbi, mas criado dentro de uma mesa de Santa Maria (a própria da Cabula):
- Começava a cabula com o cambone, que é o secretário do cabuleiro, forrando o chão com uma toalha branca. Colocava os santos sobre ela, botava os cordões e também as facas. Os participantes amarravam uma fita branca na cabeça. O cabuleiro era quem fazia a sessão, sempre à noite, pois a noite traz segurança e tranqüilidade aos espíritos. O cabuleiro trabalhava nela e o cambone seguia as suas ordens. O povo da mesa só cantava e rodava.
- Divino vai, Divino vai, Divino vai/Eu vou dar o meu licaço (uma roda)/O cambucito vai embora/eu vou dar o meu licaço/é o santé, o caboclo que está no corpo de fulano. Aí o pessoal da roda fazia os pedidos. O cabuleiro receitava para tratar de doenças. A primeira parte da cabula era só para fazer o bem, como a cura dos doentes. Depois entrava a parte para fazer o mal.
Aí, diz João, o cabuleiro trabalhava com a parte do Satanás. Incorporava nele só gente brava. Vinham os pedidos para fazer mal aos desafetos. Recebido o pedido, o cabuleiro ia para o mato fazer o serviço, enquanto que o povo da mesa cantava e fazia novamente a roda. Ele voltava com o corpo envolvido em cipó e cheio de espinhos. Nesta hora, alguém tombava em algum lugar – garante João, com toda convicção ainda de antigo devoto da cabula.
Manter o segredo sobre o ritual era como uma lei para não ser desobedecida nunca pelos seus adeptos. Há inúmeras histórias de adeptos da cabula presos e torturados pela polícia, mas que jamais revelaram os segredos de seus rituais. A longevidade da cabula andou, inclusive, por conta desse pacto da sociedade negra para com a sua religião, segundo o historiador Maciel de Aguiar. Mas Maciel divide em dois momentos distintos a cabula: uma em que ela mantinha a chama revolucionária e outra servindo às rixas entre suas próprias comunidades.
Sobre os casos das rixas, João Falcão também testemunhou vários e conta um que nunca lhe saiu da memória:
- Houve um ponto que foi um confronto entre duas mesas de cabula. Uma de Santa Maria (a mais freqüentada) e outra de Santa Bárbara (de menor número de adeptos). Eu estava na mesa de Santa Maria. Era um cabuleiro querendo matar o outro. Um chamava-se Sebastião e o outro Zé Gonçalves, mas esse era mais conhecido com Zé da Mesa de Santa Bárbara.
- Quando estava acabando a sessão na de Santa Maria, apareceu uma cobra no meio da mesa. O cabuleiro ordenou ao seu cambone que não deixasse ninguém matar ou tocar nela. Pegou uma zema (areia) e soprou em cima da cobra, dizendo que foi o Zé da Mesa de Santa Bárbara quem havia enviado a cobra para matá-lo. Colocou levemente a mão sobre ela. E ela morreu logo em seguida.
- Depois de encerrado a sessão da cabula, ele convidou os participantes a seguirem com ele para a beira do rio, a fim de apreciar o corpo de Zé da Mesa de Santa Bárbara passar para o cemitério. E não é que apareceu uma canoa com o corpo do Zé? Uma grande canoa de pequi, com adeptos da mesa de Santa Bárbara, em silêncio, trazendo o defunto do cabuleiro inimigo para ser enterrado no cemitério de Itaúnas.
Era um tempo que João classificou de muito feitiço, com o que concorda Maciel (responsável pela maior parte das informações dessa reportagem). Mas ai nós já estamos em meados do século XX, quando a cabula passa a sobreviver com outros propósitos. Mas o seu começo foi realmente o de servir à luta pela libertação dos escravos. Sua eficiência foi tamanha nesta etapa que o governo da Província, instigado pelo padre da região, Duarte Pereira Carneiro, instituiu a guerrilha de São Mateus para o extermínio da cabula.
Segundo ainda Maciel, essa guerrilha remanejou para São Mateus capitães do mato de outras regiões do Pais. Entre eles veio um dos mais temidos, o cearense Francisco Vieira de Melo, que executou o Negro Rugério, chefe do Quilombo de Santana. Mas escaparam dele outros líderes revolucionários, entre eles Benedito Meia Légua e Clara Maria do Rosário, que só seriam mortos depois da ida à região do bispo diocesano do Estado, d. João Batista Correia Nery.
Mas o bispo só chegou lá depois da abolição da escravatura, movido pelo momento por que passava o país, ainda tomado pelo alvoroço religioso-fanático de Antônio Conselheiro no sertão da Bahia. Desconfiavam os dirigentes católicos da terra que este mesmo fanatismo do sertão baiano seria transportado para a região do vale do Cricaré, onde existiam, na época, cinco mil escravos libertos.
Por esse tempo, a cabula havia crescido muito, tinha deixado de ser apenas religião dos negros fugidos, passando a ser, também, dos negros libertos e praticamente de toda a população negra. A partir desse novo contingente de freqüentadores, ela dedicou-se também ao culto aos seus heróis revolucionários, com a sistemática encarnação nos cabuleiros dos espíritos revolucionários de Benedito Meia Légua, Negro Rugério e Maria Clara do Rosário.
Por esse período da grande afluência dos negros a cabula, que vai da abolição da escravatura (1888) ao inicio do século XX, passando pela transição da Monarquia para a República, o bispo d. João Batista Nery conseguiu que o governo pusesse em execução a maior perseguição policial à cabula, sob suspeita, novamente, de que ali estaria também para surgir um novo Canudos, com outro fanático à frente do tipo de Antonio Conselheiro.
A intervenção do bispo chegou ao ponto de fazer o governo considerar a cabula uma atividade criminosa. E a cabula defendeu-se caindo na clandestinidade, disfarçando sua atividade na prática do espiritismo, que era tolerado pelas autoridades policiais. Essa situação durou até os anos 20, quando veio a surgir, no sertão de Itaúnas, um branco, atuando também na mesa de Santa Maria. Tratava-se de um fazendeiro, de origem portuguesa, de nome Duca Tora.
Ficaria famoso como curandeiro, milagreiro, mas que, segundo o seu parente Lauro Vasconcelos Nascimento, de 87 anos, todo mundo conhece em Itaúnas como “seu Dodozinho”. Duca Tora era um cabuleiro que jamais tratou do mal na sua mesa de Santa Maria. Acabou sendo por isso usado pela elite para incentivar ainda mais o combate à cabula dos feiticeiros negros.
Em 1941, morreria Duca Tóra e as populações da região voltavam a sentir a novamente a presença forte da cabula feita pelos negros. Era comum, inclusive, nesta época, se esconder a vítima do feiticeiro como forma de salvar-lhe a vida. Já era final dos anos 40, para inicio dos anos 50, quando finalmente o governo enviou à região levas de policiais para dar fim à cabula, como desejavam também autoridades de São Mateus e, principalmente, de Conceição da Barra.
À frente seguiu o mais temido de todos os oficiais da história da PM: o major Djalma Borges, que promoveu impiedosa matança de feiticeiros, conhecidos na região como cabuleiros. Não deixou sequer um único cabuleiro vivo. Extinguiu, literalmente, a cabula, cujo segredo do ritual não chegou a conhecer, pois lhe negaram todos os cabuleiros, muito dos quais debaixo de sessões de torturas, como mais tarde o próprio oficial revelaria aos seus superiores. O que leva a crer que a cabula acabou, mas levou consigo todos os seus segredos, pelos quais, anos a fio, combateram diversas gerações das elites rurais do Estado.


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Cabula uma religião afro

 Queridos irmãos vamos falar hoje sobre mais uma religião afro, a Cabula, muito mais antiga que nossa Umbanda, “A Mesa e o Santé – a Cabula é uma confraria de irmãos devotados à invocação das almas, de cada um dos kimbula, os espíritos congos que metem medo. Também se dedica à comunicação com eles por meio do kambula, o desfalecimento, a síncope, o transe enfim. Toda confraria de cabulistas constitui uma mesa. O chefe de cada mesa é o embanda, a quem todos devem obedecer. Cada embanda é secundado por um cambone. A cabula é dirigida por um espírito, Tata, que encarna nos camanás, iniciados. Sua finalidade é o contato direto com o Santé, o conjunto de espíritos da natureza que moram nas matas. Por isso, todos os camanás devem trabalhar e se esforçar para receber esse Santé, preparando-se mediante abstinência e penitências. Cada um dos espíritos que formam o Santé é um Tata. Todo camaná tem e recebe seu Tata protetor, seja ele o Tata Guerreiro, o Tata Flor de Carunga, o Tata Rompe Serra, o Tata Rompe Ponte. Na mata moram os Bacuros, anciãos, antepassados, que nunca encarnam. A reunião dos camanás forma a engira (…)

Omolocô – O omolocô é um ramo da cabula, da mesma forma que a cabula é um ramo do omolocô, ciência dos antigos nganga-ia-muloko, que controlavam a maldição dos raios. O omolocô tem Zambi como Entidade Suprema. E cultua entidades como Canjira, o senhor dos caminhos e da guerra; Quimboto, o dono da varíola e das doenças; Caiala, senhora do mar; Pomboê, dona dos raios; Zambanguri ou Sambariri, senhor do trovão;Quiximbi ou Mamãe Cinda, dona das águas doces.
No Omolocô todo pai é um Tata; seus auxiliares são os cambones; todo filho é um caçueto; e toda médium, intermediária entre o Santé e o mundo dos vivos, é uma cota. E todos são malungos, amigos, companheiros.
A bandeira do Omolocô é verde, atravessada em diagonal por uma linha branca e com uma pena branca no centro (…) O camutuê, cabeça, do futuro caçueto não será raspado, recebendo apenas uma pequena tonsura (…)”
preto velho
Influencia na umbanda.
A Cabula, segundo pesquisas refere-se aos rituais negros mais antigos, envolvendo imagens de santos católicos, herança da fase reprimida do Candomblé, onde os negros mesclavam crenças e culturas.
Talvez a própria Umbanda, tenha herança na Cabula, pois mantém forte a presença do Orixá em sua pratica doutrinária.
No Rio de Janeiro, antes mesmo de Zélio F. de Moraes incorporar o Caboclo Sete encruzilhadas no ano de 1908, já era bastante comum à prática dos rituais Afros similares aos que conhecemos hoje como Cabula, Omolocô e Almas e Angola. Talvez com o surgimento da Umbanda, tenha-se obtido uma maior organização ao que se refere ao desenvolvimento mediúnico, a prática da caridade e o auxílio ao nicho populacional menos favorecido.
Cabuleiros
Segundo Roger Medeiros o temor e, conseqüentemente, a perseguição à cabula vêm lá de trás, ainda por ocasião da escravatura, quando ela foi usada pelos negros como força revolucionária nos seus confrontos com os fazendeiros. A cabula era um ritual para abater os inimigos com feitiço, executando continuamente líderes escravagistas, especialmente aqueles que perseguiam os negros fugidos da senzala. Era, em verdade, um instrumento de luta manejado por um guerreiro invisível e intangível, de demônios constituído. O ódio era maior, principalmente, se esse feiticeiro fosse remanescente dos vindos da África.
(Segundo um dos maiores especialistas em assuntos da África, o jornalista polonês Rysard Kapuscinski, os povos africanos são regidos por forças sobrenaturais. São forças concretas, espíritos que têm nomes e encantos. São eles que definem o curso e o sentido da vida, sentenciam o destino de cada um e tudo decidem).
Realmente esse sentido de magia afro, guardadas, evidentemente, as devidas distâncias, tem tudo a ver com a nossa cabula, cujo ritual nos é contado agora por um antigo adepto, João de Deus Falcão dos Santos, 53 anos, morador de Itaúnas, mestre do Ticumbi, mas criado dentro de uma mesa de Santa Maria (a própria da Cabula):
- Começava a cabula com o cambone, que é o secretário do cabuleiro, forrando o chão com uma toalha branca. Colocava os santos sobre ela, botava os cordões e também as facas. Os participantes amarravam uma fita branca na cabeça. O cabuleiro era quem fazia a sessão, sempre à noite, pois a noite traz segurança e tranqüilidade aos espíritos. O cabuleiro trabalhava nela e o cambone seguia as suas ordens. O povo da mesa só cantava e rodava.
- Divino vai, Divino vai, Divino vai/Eu vou dar o meu licaço (uma roda)/O cambucito vai embora/eu vou dar o meu licaço/é o santé, o caboclo que está no corpo de fulano. Aí o pessoal da roda fazia os pedidos. O cabuleiro receitava para tratar de doenças. A primeira parte da cabula era só para fazer o bem, como a cura dos doentes. Depois entrava a parte para fazer o mal.
Aí, diz João, o cabuleiro trabalhava com a parte do Satanás. Incorporava nele só gente brava. Vinham os pedidos para fazer mal aos desafetos. Recebido o pedido, o cabuleiro ia para o mato fazer o serviço, enquanto que o povo da mesa cantava e fazia novamente a roda. Ele voltava com o corpo envolvido em cipó e cheio de espinhos. Nesta hora, alguém tombava em algum lugar – garante João, com toda convicção ainda de antigo devoto da cabula.
Manter o segredo sobre o ritual era como uma lei para não ser desobedecida nunca pelos seus adeptos. Há inúmeras histórias de adeptos da cabula presos e torturados pela polícia, mas que jamais revelaram os segredos de seus rituais. A longevidade da cabula andou, inclusive, por conta desse pacto da sociedade negra para com a sua religião, segundo o historiador Maciel de Aguiar. Mas Maciel divide em dois momentos distintos a cabula: uma em que ela mantinha a chama revolucionária e outra servindo às rixas entre suas próprias comunidades.
Sobre os casos das rixas, João Falcão também testemunhou vários e conta um que nunca lhe saiu da memória:
- Houve um ponto que foi um confronto entre duas mesas de cabula. Uma de Santa Maria (a mais freqüentada) e outra de Santa Bárbara (de menor número de adeptos). Eu estava na mesa de Santa Maria. Era um cabuleiro querendo matar o outro. Um chamava-se Sebastião e o outro Zé Gonçalves, mas esse era mais conhecido com Zé da Mesa de Santa Bárbara.
- Quando estava acabando a sessão na de Santa Maria, apareceu uma cobra no meio da mesa. O cabuleiro ordenou ao seu cambone que não deixasse ninguém matar ou tocar nela. Pegou uma zema (areia) e soprou em cima da cobra, dizendo que foi o Zé da Mesa de Santa Bárbara quem havia enviado a cobra para matá-lo. Colocou levemente a mão sobre ela. E ela morreu logo em seguida.
- Depois de encerrado a sessão da cabula, ele convidou os participantes a seguirem com ele para a beira do rio, a fim de apreciar o corpo de Zé da Mesa de Santa Bárbara passar para o cemitério. E não é que apareceu uma canoa com o corpo do Zé? Uma grande canoa de pequi, com adeptos da mesa de Santa Bárbara, em silêncio, trazendo o defunto do cabuleiro inimigo para ser enterrado no cemitério de Itaúnas.
Era um tempo que João classificou de muito feitiço, com o que concorda Maciel (responsável pela maior parte das informações dessa reportagem). Mas ai nós já estamos em meados do século XX, quando a cabula passa a sobreviver com outros propósitos. Mas o seu começo foi realmente o de servir à luta pela libertação dos escravos. Sua eficiência foi tamanha nesta etapa que o governo da Província, instigado pelo padre da região, Duarte Pereira Carneiro, instituiu a guerrilha de São Mateus para o extermínio da cabula.
Segundo ainda Maciel, essa guerrilha remanejou para São Mateus capitães do mato de outras regiões do Pais. Entre eles veio um dos mais temidos, o cearense Francisco Vieira de Melo, que executou o Negro Rugério, chefe do Quilombo de Santana. Mas escaparam dele outros líderes revolucionários, entre eles Benedito Meia Légua e Clara Maria do Rosário, que só seriam mortos depois da ida à região do bispo diocesano do Estado, d. João Batista Correia Nery.
Mas o bispo só chegou lá depois da abolição da escravatura, movido pelo momento por que passava o país, ainda tomado pelo alvoroço religioso-fanático de Antônio Conselheiro no sertão da Bahia. Desconfiavam os dirigentes católicos da terra que este mesmo fanatismo do sertão baiano seria transportado para a região do vale do Cricaré, onde existiam, na época, cinco mil escravos libertos.
Por esse tempo, a cabula havia crescido muito, tinha deixado de ser apenas religião dos negros fugidos, passando a ser, também, dos negros libertos e praticamente de toda a população negra. A partir desse novo contingente de freqüentadores, ela dedicou-se também ao culto aos seus heróis revolucionários, com a sistemática encarnação nos cabuleiros dos espíritos revolucionários de Benedito Meia Légua, Negro Rugério e Maria Clara do Rosário.
Por esse período da grande afluência dos negros a cabula, que vai da abolição da escravatura (1888) ao inicio do século XX, passando pela transição da Monarquia para a República, o bispo d. João Batista Nery conseguiu que o governo pusesse em execução a maior perseguição policial à cabula, sob suspeita, novamente, de que ali estaria também para surgir um novo Canudos, com outro fanático à frente do tipo de Antonio Conselheiro.
A intervenção do bispo chegou ao ponto de fazer o governo considerar a cabula uma atividade criminosa. E a cabula defendeu-se caindo na clandestinidade, disfarçando sua atividade na prática do espiritismo, que era tolerado pelas autoridades policiais. Essa situação durou até os anos 20, quando veio a surgir, no sertão de Itaúnas, um branco, atuando também na mesa de Santa Maria. Tratava-se de um fazendeiro, de origem portuguesa, de nome Duca Tora.
Ficaria famoso como curandeiro, milagreiro, mas que, segundo o seu parente Lauro Vasconcelos Nascimento, de 87 anos, todo mundo conhece em Itaúnas como “seu Dodozinho”. Duca Tora era um cabuleiro que jamais tratou do mal na sua mesa de Santa Maria. Acabou sendo por isso usado pela elite para incentivar ainda mais o combate à cabula dos feiticeiros negros.
Em 1941, morreria Duca Tóra e as populações da região voltavam a sentir a novamente a presença forte da cabula feita pelos negros. Era comum, inclusive, nesta época, se esconder a vítima do feiticeiro como forma de salvar-lhe a vida. Já era final dos anos 40, para inicio dos anos 50, quando finalmente o governo enviou à região levas de policiais para dar fim à cabula, como desejavam também autoridades de São Mateus e, principalmente, de Conceição da Barra.
À frente seguiu o mais temido de todos os oficiais da história da PM: o major Djalma Borges, que promoveu impiedosa matança de feiticeiros, conhecidos na região como cabuleiros. Não deixou sequer um único cabuleiro vivo. Extinguiu, literalmente, a cabula, cujo segredo do ritual não chegou a conhecer, pois lhe negaram todos os cabuleiros, muito dos quais debaixo de sessões de torturas, como mais tarde o próprio oficial revelaria aos seus superiores. O que leva a crer que a cabula acabou, mas levou consigo todos os seus segredos, pelos quais, anos a fio, combateram diversas gerações das elites rurais do Estado.


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Cabula uma religião afro

 Queridos irmãos vamos falar hoje sobre mais uma religião afro, a Cabula, muito mais antiga que nossa Umbanda, “A Mesa e o Santé – a Cabula é uma confraria de irmãos devotados à invocação das almas, de cada um dos kimbula, os espíritos congos que metem medo. Também se dedica à comunicação com eles por meio do kambula, o desfalecimento, a síncope, o transe enfim. Toda confraria de cabulistas constitui uma mesa. O chefe de cada mesa é o embanda, a quem todos devem obedecer. Cada embanda é secundado por um cambone. A cabula é dirigida por um espírito, Tata, que encarna nos camanás, iniciados. Sua finalidade é o contato direto com o Santé, o conjunto de espíritos da natureza que moram nas matas. Por isso, todos os camanás devem trabalhar e se esforçar para receber esse Santé, preparando-se mediante abstinência e penitências. Cada um dos espíritos que formam o Santé é um Tata. Todo camaná tem e recebe seu Tata protetor, seja ele o Tata Guerreiro, o Tata Flor de Carunga, o Tata Rompe Serra, o Tata Rompe Ponte. Na mata moram os Bacuros, anciãos, antepassados, que nunca encarnam. A reunião dos camanás forma a engira (…)

Omolocô – O omolocô é um ramo da cabula, da mesma forma que a cabula é um ramo do omolocô, ciência dos antigos nganga-ia-muloko, que controlavam a maldição dos raios. O omolocô tem Zambi como Entidade Suprema. E cultua entidades como Canjira, o senhor dos caminhos e da guerra; Quimboto, o dono da varíola e das doenças; Caiala, senhora do mar; Pomboê, dona dos raios; Zambanguri ou Sambariri, senhor do trovão;Quiximbi ou Mamãe Cinda, dona das águas doces.
No Omolocô todo pai é um Tata; seus auxiliares são os cambones; todo filho é um caçueto; e toda médium, intermediária entre o Santé e o mundo dos vivos, é uma cota. E todos são malungos, amigos, companheiros.
A bandeira do Omolocô é verde, atravessada em diagonal por uma linha branca e com uma pena branca no centro (…) O camutuê, cabeça, do futuro caçueto não será raspado, recebendo apenas uma pequena tonsura (…)”
preto velho
Influencia na umbanda.
A Cabula, segundo pesquisas refere-se aos rituais negros mais antigos, envolvendo imagens de santos católicos, herança da fase reprimida do Candomblé, onde os negros mesclavam crenças e culturas.
Talvez a própria Umbanda, tenha herança na Cabula, pois mantém forte a presença do Orixá em sua pratica doutrinária.
No Rio de Janeiro, antes mesmo de Zélio F. de Moraes incorporar o Caboclo Sete encruzilhadas no ano de 1908, já era bastante comum à prática dos rituais Afros similares aos que conhecemos hoje como Cabula, Omolocô e Almas e Angola. Talvez com o surgimento da Umbanda, tenha-se obtido uma maior organização ao que se refere ao desenvolvimento mediúnico, a prática da caridade e o auxílio ao nicho populacional menos favorecido.
Cabuleiros
Segundo Roger Medeiros o temor e, conseqüentemente, a perseguição à cabula vêm lá de trás, ainda por ocasião da escravatura, quando ela foi usada pelos negros como força revolucionária nos seus confrontos com os fazendeiros. A cabula era um ritual para abater os inimigos com feitiço, executando continuamente líderes escravagistas, especialmente aqueles que perseguiam os negros fugidos da senzala. Era, em verdade, um instrumento de luta manejado por um guerreiro invisível e intangível, de demônios constituído. O ódio era maior, principalmente, se esse feiticeiro fosse remanescente dos vindos da África.
(Segundo um dos maiores especialistas em assuntos da África, o jornalista polonês Rysard Kapuscinski, os povos africanos são regidos por forças sobrenaturais. São forças concretas, espíritos que têm nomes e encantos. São eles que definem o curso e o sentido da vida, sentenciam o destino de cada um e tudo decidem).
Realmente esse sentido de magia afro, guardadas, evidentemente, as devidas distâncias, tem tudo a ver com a nossa cabula, cujo ritual nos é contado agora por um antigo adepto, João de Deus Falcão dos Santos, 53 anos, morador de Itaúnas, mestre do Ticumbi, mas criado dentro de uma mesa de Santa Maria (a própria da Cabula):
- Começava a cabula com o cambone, que é o secretário do cabuleiro, forrando o chão com uma toalha branca. Colocava os santos sobre ela, botava os cordões e também as facas. Os participantes amarravam uma fita branca na cabeça. O cabuleiro era quem fazia a sessão, sempre à noite, pois a noite traz segurança e tranqüilidade aos espíritos. O cabuleiro trabalhava nela e o cambone seguia as suas ordens. O povo da mesa só cantava e rodava.
- Divino vai, Divino vai, Divino vai/Eu vou dar o meu licaço (uma roda)/O cambucito vai embora/eu vou dar o meu licaço/é o santé, o caboclo que está no corpo de fulano. Aí o pessoal da roda fazia os pedidos. O cabuleiro receitava para tratar de doenças. A primeira parte da cabula era só para fazer o bem, como a cura dos doentes. Depois entrava a parte para fazer o mal.
Aí, diz João, o cabuleiro trabalhava com a parte do Satanás. Incorporava nele só gente brava. Vinham os pedidos para fazer mal aos desafetos. Recebido o pedido, o cabuleiro ia para o mato fazer o serviço, enquanto que o povo da mesa cantava e fazia novamente a roda. Ele voltava com o corpo envolvido em cipó e cheio de espinhos. Nesta hora, alguém tombava em algum lugar – garante João, com toda convicção ainda de antigo devoto da cabula.
Manter o segredo sobre o ritual era como uma lei para não ser desobedecida nunca pelos seus adeptos. Há inúmeras histórias de adeptos da cabula presos e torturados pela polícia, mas que jamais revelaram os segredos de seus rituais. A longevidade da cabula andou, inclusive, por conta desse pacto da sociedade negra para com a sua religião, segundo o historiador Maciel de Aguiar. Mas Maciel divide em dois momentos distintos a cabula: uma em que ela mantinha a chama revolucionária e outra servindo às rixas entre suas próprias comunidades.
Sobre os casos das rixas, João Falcão também testemunhou vários e conta um que nunca lhe saiu da memória:
- Houve um ponto que foi um confronto entre duas mesas de cabula. Uma de Santa Maria (a mais freqüentada) e outra de Santa Bárbara (de menor número de adeptos). Eu estava na mesa de Santa Maria. Era um cabuleiro querendo matar o outro. Um chamava-se Sebastião e o outro Zé Gonçalves, mas esse era mais conhecido com Zé da Mesa de Santa Bárbara.
- Quando estava acabando a sessão na de Santa Maria, apareceu uma cobra no meio da mesa. O cabuleiro ordenou ao seu cambone que não deixasse ninguém matar ou tocar nela. Pegou uma zema (areia) e soprou em cima da cobra, dizendo que foi o Zé da Mesa de Santa Bárbara quem havia enviado a cobra para matá-lo. Colocou levemente a mão sobre ela. E ela morreu logo em seguida.
- Depois de encerrado a sessão da cabula, ele convidou os participantes a seguirem com ele para a beira do rio, a fim de apreciar o corpo de Zé da Mesa de Santa Bárbara passar para o cemitério. E não é que apareceu uma canoa com o corpo do Zé? Uma grande canoa de pequi, com adeptos da mesa de Santa Bárbara, em silêncio, trazendo o defunto do cabuleiro inimigo para ser enterrado no cemitério de Itaúnas.
Era um tempo que João classificou de muito feitiço, com o que concorda Maciel (responsável pela maior parte das informações dessa reportagem). Mas ai nós já estamos em meados do século XX, quando a cabula passa a sobreviver com outros propósitos. Mas o seu começo foi realmente o de servir à luta pela libertação dos escravos. Sua eficiência foi tamanha nesta etapa que o governo da Província, instigado pelo padre da região, Duarte Pereira Carneiro, instituiu a guerrilha de São Mateus para o extermínio da cabula.
Segundo ainda Maciel, essa guerrilha remanejou para São Mateus capitães do mato de outras regiões do Pais. Entre eles veio um dos mais temidos, o cearense Francisco Vieira de Melo, que executou o Negro Rugério, chefe do Quilombo de Santana. Mas escaparam dele outros líderes revolucionários, entre eles Benedito Meia Légua e Clara Maria do Rosário, que só seriam mortos depois da ida à região do bispo diocesano do Estado, d. João Batista Correia Nery.
Mas o bispo só chegou lá depois da abolição da escravatura, movido pelo momento por que passava o país, ainda tomado pelo alvoroço religioso-fanático de Antônio Conselheiro no sertão da Bahia. Desconfiavam os dirigentes católicos da terra que este mesmo fanatismo do sertão baiano seria transportado para a região do vale do Cricaré, onde existiam, na época, cinco mil escravos libertos.
Por esse tempo, a cabula havia crescido muito, tinha deixado de ser apenas religião dos negros fugidos, passando a ser, também, dos negros libertos e praticamente de toda a população negra. A partir desse novo contingente de freqüentadores, ela dedicou-se também ao culto aos seus heróis revolucionários, com a sistemática encarnação nos cabuleiros dos espíritos revolucionários de Benedito Meia Légua, Negro Rugério e Maria Clara do Rosário.
Por esse período da grande afluência dos negros a cabula, que vai da abolição da escravatura (1888) ao inicio do século XX, passando pela transição da Monarquia para a República, o bispo d. João Batista Nery conseguiu que o governo pusesse em execução a maior perseguição policial à cabula, sob suspeita, novamente, de que ali estaria também para surgir um novo Canudos, com outro fanático à frente do tipo de Antonio Conselheiro.
A intervenção do bispo chegou ao ponto de fazer o governo considerar a cabula uma atividade criminosa. E a cabula defendeu-se caindo na clandestinidade, disfarçando sua atividade na prática do espiritismo, que era tolerado pelas autoridades policiais. Essa situação durou até os anos 20, quando veio a surgir, no sertão de Itaúnas, um branco, atuando também na mesa de Santa Maria. Tratava-se de um fazendeiro, de origem portuguesa, de nome Duca Tora.
Ficaria famoso como curandeiro, milagreiro, mas que, segundo o seu parente Lauro Vasconcelos Nascimento, de 87 anos, todo mundo conhece em Itaúnas como “seu Dodozinho”. Duca Tora era um cabuleiro que jamais tratou do mal na sua mesa de Santa Maria. Acabou sendo por isso usado pela elite para incentivar ainda mais o combate à cabula dos feiticeiros negros.
Em 1941, morreria Duca Tóra e as populações da região voltavam a sentir a novamente a presença forte da cabula feita pelos negros. Era comum, inclusive, nesta época, se esconder a vítima do feiticeiro como forma de salvar-lhe a vida. Já era final dos anos 40, para inicio dos anos 50, quando finalmente o governo enviou à região levas de policiais para dar fim à cabula, como desejavam também autoridades de São Mateus e, principalmente, de Conceição da Barra.
À frente seguiu o mais temido de todos os oficiais da história da PM: o major Djalma Borges, que promoveu impiedosa matança de feiticeiros, conhecidos na região como cabuleiros. Não deixou sequer um único cabuleiro vivo. Extinguiu, literalmente, a cabula, cujo segredo do ritual não chegou a conhecer, pois lhe negaram todos os cabuleiros, muito dos quais debaixo de sessões de torturas, como mais tarde o próprio oficial revelaria aos seus superiores. O que leva a crer que a cabula acabou, mas levou consigo todos os seus segredos, pelos quais, anos a fio, combateram diversas gerações das elites rurais do Estado.


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Terecô a religião Afro Maranhense


Queridos irmãos, hoje vamos falar um pouco sobre outra religião afro, o Terecô, muito parecida com nossa querida Umbanda, mas com algumas pequenas diferenças;
O Tambor da mata ou terecô é uma religião afro-brasileira costumeiramente associada à região de Codó, cidade na região do cerrado maranhense, localizada a 300 km da capital São Luís. Não se restringindo apenas a esse primeiro estado, o terecô também se mostra integrado à prática de outras religiões como o Tambor de Mina e a Umbanda. Além disso, sua prática também originou o babassuê (ou Barba Soeira), religião descrita por Mario de Andrade, no ano de 1937.
As primeiras manifestações do terecô teriam sido realizadas antes da abolição, quando os escravos das fazendas de algodão de Codó o praticavam secretamente, no interior das matas. Com o fim da escravidão, os rituais teriam se deslocado para alguns povoados negros e, na cidade de Codó, às margens da Lagoa do Pajeleiro. Logo depois, foram construídos os primeiros salões onde os descendentes de escravo e outros trabalhadores deram continuidade à religião.
Muito ainda se discute sobre a origem etimológica da palavra terecô, que determina o nome desta religião. A imprecisão do significado foi, durante muito tempo, a justificativa para que se acreditasse que o termo tivesse origem onomatopaica. Ou seja, “terecô” seria um termo que faz referência ao barulho dos tambores utilizados no culto. Contudo, hoje também se trabalha que sua origem esteja ligada ao termo “teeleko”, que significa “celebrar ou louvar pelos tambores”.
Uma das mais reconhecidas práticas do terecô está relacionada aos poderes de cura e doença que os pais e mães de santo possuem no interior de seus terreiros. Na cidade de Codó, assim como em outras regiões do Maranhão, espalhou-se a fama de terecozeiros que poderiam lançar ou curar determinados feitiços. Segundo a crença, esses poderes estariam associados aos conhecimentos ocultos de indígenas, velhos africanos e outras religiões praticantes de feitiçaria.
No terecô observamos o culto de determinados voduns africanos e a existência de transes que são exclusivamente provocados pelos “voduns da mata”. No panteão de suas divindades, os praticantes do terecô organizam os seus deuses por uma hierarquia de famílias. A mais importante família de deuses está ligada à polêmica entidade Légua Boji Boá da Trindade, conhecida como “príncipe guerreiro”, “preto velho angolano” ou filho de Dom Pedro Angassu e Rainha Rosa.
Em sua vertente mais tradicional, o terecô inicia seu ritual com uma “louvaria”, na qual se canta em língua africana, dizendo o nome das entidades mais importantes e repetindo o termo “novariê”. Em geral, o acompanhamento musical do terecô é realizado com um grande tambor de membrana única chamado de “tambor da mata”. Em algumas situações, maracás, abata (outra espécie de tambor) e atabaque também compõem o universo sonoro do evento religioso.
A presença masculina em um terreiro de terecô é bem mais expressiva se comparada a outras manifestações religiosas afro-brasileiras. Os homens utilizam uma indumentária bastante elaborada, que faz lembrar a alva dos sacerdotes católicos. Além disso, os terecozeiros vestem boinas, quepes, chapéus de feltro e de vaqueiro durante as reuniões. Além dos voduns, o terecô também se dedica à adoração de algumas figuras da antiga nobreza europeia.


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Queridos irmãos, hoje vamos falar um pouco sobre outra religião afro, o Terecô, muito parecida com nossa querida Umbanda, mas com algumas pequenas diferenças;
O Tambor da mata ou terecô é uma religião afro-brasileira costumeiramente associada à região de Codó, cidade na região do cerrado maranhense, localizada a 300 km da capital São Luís. Não se restringindo apenas a esse primeiro estado, o terecô também se mostra integrado à prática de outras religiões como o Tambor de Mina e a Umbanda. Além disso, sua prática também originou o babassuê (ou Barba Soeira), religião descrita por Mario de Andrade, no ano de 1937.
As primeiras manifestações do terecô teriam sido realizadas antes da abolição, quando os escravos das fazendas de algodão de Codó o praticavam secretamente, no interior das matas. Com o fim da escravidão, os rituais teriam se deslocado para alguns povoados negros e, na cidade de Codó, às margens da Lagoa do Pajeleiro. Logo depois, foram construídos os primeiros salões onde os descendentes de escravo e outros trabalhadores deram continuidade à religião.
Muito ainda se discute sobre a origem etimológica da palavra terecô, que determina o nome desta religião. A imprecisão do significado foi, durante muito tempo, a justificativa para que se acreditasse que o termo tivesse origem onomatopaica. Ou seja, “terecô” seria um termo que faz referência ao barulho dos tambores utilizados no culto. Contudo, hoje também se trabalha que sua origem esteja ligada ao termo “teeleko”, que significa “celebrar ou louvar pelos tambores”.
Uma das mais reconhecidas práticas do terecô está relacionada aos poderes de cura e doença que os pais e mães de santo possuem no interior de seus terreiros. Na cidade de Codó, assim como em outras regiões do Maranhão, espalhou-se a fama de terecozeiros que poderiam lançar ou curar determinados feitiços. Segundo a crença, esses poderes estariam associados aos conhecimentos ocultos de indígenas, velhos africanos e outras religiões praticantes de feitiçaria.
No terecô observamos o culto de determinados voduns africanos e a existência de transes que são exclusivamente provocados pelos “voduns da mata”. No panteão de suas divindades, os praticantes do terecô organizam os seus deuses por uma hierarquia de famílias. A mais importante família de deuses está ligada à polêmica entidade Légua Boji Boá da Trindade, conhecida como “príncipe guerreiro”, “preto velho angolano” ou filho de Dom Pedro Angassu e Rainha Rosa.
Em sua vertente mais tradicional, o terecô inicia seu ritual com uma “louvaria”, na qual se canta em língua africana, dizendo o nome das entidades mais importantes e repetindo o termo “novariê”. Em geral, o acompanhamento musical do terecô é realizado com um grande tambor de membrana única chamado de “tambor da mata”. Em algumas situações, maracás, abata (outra espécie de tambor) e atabaque também compõem o universo sonoro do evento religioso.
A presença masculina em um terreiro de terecô é bem mais expressiva se comparada a outras manifestações religiosas afro-brasileiras. Os homens utilizam uma indumentária bastante elaborada, que faz lembrar a alva dos sacerdotes católicos. Além disso, os terecozeiros vestem boinas, quepes, chapéus de feltro e de vaqueiro durante as reuniões. Além dos voduns, o terecô também se dedica à adoração de algumas figuras da antiga nobreza europeia.


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Queridos irmãos, hoje vamos falar um pouco sobre outra religião afro, o Terecô, muito parecida com nossa querida Umbanda, mas com algumas pequenas diferenças;
O Tambor da mata ou terecô é uma religião afro-brasileira costumeiramente associada à região de Codó, cidade na região do cerrado maranhense, localizada a 300 km da capital São Luís. Não se restringindo apenas a esse primeiro estado, o terecô também se mostra integrado à prática de outras religiões como o Tambor de Mina e a Umbanda. Além disso, sua prática também originou o babassuê (ou Barba Soeira), religião descrita por Mario de Andrade, no ano de 1937.
As primeiras manifestações do terecô teriam sido realizadas antes da abolição, quando os escravos das fazendas de algodão de Codó o praticavam secretamente, no interior das matas. Com o fim da escravidão, os rituais teriam se deslocado para alguns povoados negros e, na cidade de Codó, às margens da Lagoa do Pajeleiro. Logo depois, foram construídos os primeiros salões onde os descendentes de escravo e outros trabalhadores deram continuidade à religião.
Muito ainda se discute sobre a origem etimológica da palavra terecô, que determina o nome desta religião. A imprecisão do significado foi, durante muito tempo, a justificativa para que se acreditasse que o termo tivesse origem onomatopaica. Ou seja, “terecô” seria um termo que faz referência ao barulho dos tambores utilizados no culto. Contudo, hoje também se trabalha que sua origem esteja ligada ao termo “teeleko”, que significa “celebrar ou louvar pelos tambores”.
Uma das mais reconhecidas práticas do terecô está relacionada aos poderes de cura e doença que os pais e mães de santo possuem no interior de seus terreiros. Na cidade de Codó, assim como em outras regiões do Maranhão, espalhou-se a fama de terecozeiros que poderiam lançar ou curar determinados feitiços. Segundo a crença, esses poderes estariam associados aos conhecimentos ocultos de indígenas, velhos africanos e outras religiões praticantes de feitiçaria.
No terecô observamos o culto de determinados voduns africanos e a existência de transes que são exclusivamente provocados pelos “voduns da mata”. No panteão de suas divindades, os praticantes do terecô organizam os seus deuses por uma hierarquia de famílias. A mais importante família de deuses está ligada à polêmica entidade Légua Boji Boá da Trindade, conhecida como “príncipe guerreiro”, “preto velho angolano” ou filho de Dom Pedro Angassu e Rainha Rosa.
Em sua vertente mais tradicional, o terecô inicia seu ritual com uma “louvaria”, na qual se canta em língua africana, dizendo o nome das entidades mais importantes e repetindo o termo “novariê”. Em geral, o acompanhamento musical do terecô é realizado com um grande tambor de membrana única chamado de “tambor da mata”. Em algumas situações, maracás, abata (outra espécie de tambor) e atabaque também compõem o universo sonoro do evento religioso.
A presença masculina em um terreiro de terecô é bem mais expressiva se comparada a outras manifestações religiosas afro-brasileiras. Os homens utilizam uma indumentária bastante elaborada, que faz lembrar a alva dos sacerdotes católicos. Além disso, os terecozeiros vestem boinas, quepes, chapéus de feltro e de vaqueiro durante as reuniões. Além dos voduns, o terecô também se dedica à adoração de algumas figuras da antiga nobreza europeia.


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Tambor de Mina

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TAMBOR DE MINA


Queridos irmãos, vamos continuar ao nosso assunto sobre as religiões afros, esta é com certeza uma das menos conhecidas no Brasil, Tambores de Mina, nosso conhecimento é como ter em nossa mente a sabedoria do sacerdócio, pois sem entender as religiões afros não poderíamos entender nossa Umbanda.

Dentre as várias manifestações religiosas afro-brasileiras, podemos encontrar no Maranhão e na Amazônia o chamado Tambor de Mina. Veja abaixo mais alguns detalhes desta cultura.



A origem do nome vem da importância que o instrumento – Tambor - tem nos rituais afro-brasileiros e da denominação dada aos escravos africanos trazidos da costa leste do Castelo de São Jorge da Mina (onde atualmente encontramos a Republica de Gana), Togo, Benin e Nigéria, que também eram conhecidos como mina-jejes e mina-nagôs.

Essa religião é voltada para a ancestralidade, sendo iniciática e de transe ou possessão.

Nas doutrinas mais tradicionais, a iniciação é demorada, com discrição no recinto dos terreiros e não havendo cerimônias públicas. Poucos integrantes recebem os graus elevados ou iniciação completa. Em alguns recintos sagrados do culto somente os mais graduados podem penetrar. O transe, durante os cultos, é percebível às vezes, apenas por pequenos detalhes das vestimentas dos médiuns.

A discrição existente tanto no comportamento quanto no transe é uma característica marcante no Tambor de Mina, o que leva muitos considerarem como a “maçonaria dos negros”.

Em muitas casas, no inicio do transe, a entidade dá muitas voltas ao redor de si mesmo, no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, talvez para firmar o transe, numa dança de bonito efeito visual. Normalmente quando o médium entra em transe recebe um símbolo, como uma toalha branca amarrada na cintura ou um lenço, denominado pana, enrolado na mão ou no braço.

Existem dois modelos principais de Tambor de mina no Maranhão: mina jêje e mina nagô.

O primeiro parece ser o mais antigo e se estabeleceu em torno da Casa grande das Minas Jêje, não possui casas que lhe sejam filiadas, daí porque nenhuma outra siga completamente seu estilo. Nesta casa os cânticos são em língua jeje (Ewê-Fon) e só se recebem divindades denominadas de voduns, mas apesar dela não ter casas filiadas, o modelo do culto do Tambor de Mina é grandemente influenciado pela Casa das Minas.

Os voduns da Casa das Minas, de quem se conhecem os nomes de aproximadamente sessenta, agrupam-se em três famílias principais e duas que são hóspedes da casa, a saber: a família real de Davice, a que pertence o vodum dono da casa, Zomadônu e outros, que como ele são relacionados com a família real do Daomé, como: Dadarrô, Docú, Bedigá, Sepazin, Agongônu, Toçá, Tocé, Jogorobossú; a família de Quevioçô (dos voduns chamados nagôs), como Badé, Sobô, Lôco, Liçá, Averequête, Abê e outros; a família de Dambirá (que cura a peste e outras doenças), chefiada por Acossi Sakpatá e que incluí entre outros Azíli, Azônce, Polibojí, Lepon, Alôgue, Ewá, Bôça e Boçucó. Existem ainda voduns agrupados na família de Aladanu, hóspedes de Quevioçô, como Ajaúto e Avrejó e da família de Savaluno, hóspede de Zomadônu, como Agongonu e Jotim. Cada família ocupa uma parte específica da casa e tem cânticos, comportamentos e atividades próprias. Na Casa das Minas as vodunsis só recebem um vodum e só dançam quando estão com ele. Durante o transe os voduns não comem, não bebem, não satisfazem necessidades fisiológicas, cantam e dançam com os olhos abertos, conversam entre si e com devotos, dão conselhos e alguns gostam de fumar.

Na mina-jeje os toques são realizados por três tambores com couro numa só boca (hum, humpli e gumpli), batidos com a mão e com aguidaví. São também acompanhados pelo ferro (gã) e por cabaças pequenas revestidas de contas coloridas. Nas festas as vodunsis em transe, usam saias lisas na mesma cor ou estampada, blusa branca rendada, toalha branca bordada amarrada no seio ou na cintura, guias e rosários de miçangas pequenas coloridas em que predominam o marrom (gonjeva), carregam na mão um lenço branco pequeno e usam sandália. Algumas usam símbolo do seu vodum, como bengala, rebenque, guizos, lenço colorido no ombro e cabelos soltos.

Já o mina-nagô, que é quase contemporâneo e que também continua até hoje é o da Casa de Nagô, localizada no mesmo bairro (São Pantaleão) a uma quadra de distância.

Na Casa de Nagô as vestimentas são semelhantes as da mina-jeje, bem como características gerais da iniciação e de discrição no culto. Nos toques canta-se em nagô para voduns jejes (Doçu, Averequete, Ewá, Nanaburuku, Légo Xapanã) e orixás nagôs (Ogum, Xangô, Badé, Lôco, Iemanjá) e em português para as entidades gentis e caboclos (Dom Luís, Dom João, Dom Sebastião, Tio Zezinho; Rei da Turquia, Caboclo Velho, Princesa D’ Oro, Guerreiro, Mariana, Manuelzinho, João da Mata e muitos outros).

Nas demais casas de tambor de mina do Maranhão, difundiu-se o modelo da Casa de Nagô. Cultuam-se voduns, orixás e caboclos. Cantam-se em nagô e também em português. As vodunsis recebem um ou dois voduns principais e vários caboclos. Os toques são sobre dois tambores (abatás) com couro nas duas bocas, deitados sobre cavaletes, acompanhados pelo ferro, uma cabaça grande e várias pequenas.

No Tambor de Mina quase 90 por cento dos participantes do culto são do sexo feminino, sendo assim pode-se perceber que existe um matriarcado nesta religião. Os homens desempenham a função de tocadores de tambores ou abatazeiros, e algumas atividades como o sacrifício de animais e do transporte de certas obrigações.

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Tambor de Mina

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TAMBOR DE MINA


Queridos irmãos, vamos continuar ao nosso assunto sobre as religiões afros, esta é com certeza uma das menos conhecidas no Brasil, Tambores de Mina, nosso conhecimento é como ter em nossa mente a sabedoria do sacerdócio, pois sem entender as religiões afros não poderíamos entender nossa Umbanda.

Dentre as várias manifestações religiosas afro-brasileiras, podemos encontrar no Maranhão e na Amazônia o chamado Tambor de Mina. Veja abaixo mais alguns detalhes desta cultura.



A origem do nome vem da importância que o instrumento – Tambor - tem nos rituais afro-brasileiros e da denominação dada aos escravos africanos trazidos da costa leste do Castelo de São Jorge da Mina (onde atualmente encontramos a Republica de Gana), Togo, Benin e Nigéria, que também eram conhecidos como mina-jejes e mina-nagôs.

Essa religião é voltada para a ancestralidade, sendo iniciática e de transe ou possessão.

Nas doutrinas mais tradicionais, a iniciação é demorada, com discrição no recinto dos terreiros e não havendo cerimônias públicas. Poucos integrantes recebem os graus elevados ou iniciação completa. Em alguns recintos sagrados do culto somente os mais graduados podem penetrar. O transe, durante os cultos, é percebível às vezes, apenas por pequenos detalhes das vestimentas dos médiuns.

A discrição existente tanto no comportamento quanto no transe é uma característica marcante no Tambor de Mina, o que leva muitos considerarem como a “maçonaria dos negros”.

Em muitas casas, no inicio do transe, a entidade dá muitas voltas ao redor de si mesmo, no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, talvez para firmar o transe, numa dança de bonito efeito visual. Normalmente quando o médium entra em transe recebe um símbolo, como uma toalha branca amarrada na cintura ou um lenço, denominado pana, enrolado na mão ou no braço.

Existem dois modelos principais de Tambor de mina no Maranhão: mina jêje e mina nagô.

O primeiro parece ser o mais antigo e se estabeleceu em torno da Casa grande das Minas Jêje, não possui casas que lhe sejam filiadas, daí porque nenhuma outra siga completamente seu estilo. Nesta casa os cânticos são em língua jeje (Ewê-Fon) e só se recebem divindades denominadas de voduns, mas apesar dela não ter casas filiadas, o modelo do culto do Tambor de Mina é grandemente influenciado pela Casa das Minas.

Os voduns da Casa das Minas, de quem se conhecem os nomes de aproximadamente sessenta, agrupam-se em três famílias principais e duas que são hóspedes da casa, a saber: a família real de Davice, a que pertence o vodum dono da casa, Zomadônu e outros, que como ele são relacionados com a família real do Daomé, como: Dadarrô, Docú, Bedigá, Sepazin, Agongônu, Toçá, Tocé, Jogorobossú; a família de Quevioçô (dos voduns chamados nagôs), como Badé, Sobô, Lôco, Liçá, Averequête, Abê e outros; a família de Dambirá (que cura a peste e outras doenças), chefiada por Acossi Sakpatá e que incluí entre outros Azíli, Azônce, Polibojí, Lepon, Alôgue, Ewá, Bôça e Boçucó. Existem ainda voduns agrupados na família de Aladanu, hóspedes de Quevioçô, como Ajaúto e Avrejó e da família de Savaluno, hóspede de Zomadônu, como Agongonu e Jotim. Cada família ocupa uma parte específica da casa e tem cânticos, comportamentos e atividades próprias. Na Casa das Minas as vodunsis só recebem um vodum e só dançam quando estão com ele. Durante o transe os voduns não comem, não bebem, não satisfazem necessidades fisiológicas, cantam e dançam com os olhos abertos, conversam entre si e com devotos, dão conselhos e alguns gostam de fumar.

Na mina-jeje os toques são realizados por três tambores com couro numa só boca (hum, humpli e gumpli), batidos com a mão e com aguidaví. São também acompanhados pelo ferro (gã) e por cabaças pequenas revestidas de contas coloridas. Nas festas as vodunsis em transe, usam saias lisas na mesma cor ou estampada, blusa branca rendada, toalha branca bordada amarrada no seio ou na cintura, guias e rosários de miçangas pequenas coloridas em que predominam o marrom (gonjeva), carregam na mão um lenço branco pequeno e usam sandália. Algumas usam símbolo do seu vodum, como bengala, rebenque, guizos, lenço colorido no ombro e cabelos soltos.

Já o mina-nagô, que é quase contemporâneo e que também continua até hoje é o da Casa de Nagô, localizada no mesmo bairro (São Pantaleão) a uma quadra de distância.

Na Casa de Nagô as vestimentas são semelhantes as da mina-jeje, bem como características gerais da iniciação e de discrição no culto. Nos toques canta-se em nagô para voduns jejes (Doçu, Averequete, Ewá, Nanaburuku, Légo Xapanã) e orixás nagôs (Ogum, Xangô, Badé, Lôco, Iemanjá) e em português para as entidades gentis e caboclos (Dom Luís, Dom João, Dom Sebastião, Tio Zezinho; Rei da Turquia, Caboclo Velho, Princesa D’ Oro, Guerreiro, Mariana, Manuelzinho, João da Mata e muitos outros).

Nas demais casas de tambor de mina do Maranhão, difundiu-se o modelo da Casa de Nagô. Cultuam-se voduns, orixás e caboclos. Cantam-se em nagô e também em português. As vodunsis recebem um ou dois voduns principais e vários caboclos. Os toques são sobre dois tambores (abatás) com couro nas duas bocas, deitados sobre cavaletes, acompanhados pelo ferro, uma cabaça grande e várias pequenas.

No Tambor de Mina quase 90 por cento dos participantes do culto são do sexo feminino, sendo assim pode-se perceber que existe um matriarcado nesta religião. Os homens desempenham a função de tocadores de tambores ou abatazeiros, e algumas atividades como o sacrifício de animais e do transporte de certas obrigações.

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Tambor de Mina

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TAMBOR DE MINA


Queridos irmãos, vamos continuar ao nosso assunto sobre as religiões afros, esta é com certeza uma das menos conhecidas no Brasil, Tambores de Mina, nosso conhecimento é como ter em nossa mente a sabedoria do sacerdócio, pois sem entender as religiões afros não poderíamos entender nossa Umbanda.

Dentre as várias manifestações religiosas afro-brasileiras, podemos encontrar no Maranhão e na Amazônia o chamado Tambor de Mina. Veja abaixo mais alguns detalhes desta cultura.



A origem do nome vem da importância que o instrumento – Tambor - tem nos rituais afro-brasileiros e da denominação dada aos escravos africanos trazidos da costa leste do Castelo de São Jorge da Mina (onde atualmente encontramos a Republica de Gana), Togo, Benin e Nigéria, que também eram conhecidos como mina-jejes e mina-nagôs.

Essa religião é voltada para a ancestralidade, sendo iniciática e de transe ou possessão.

Nas doutrinas mais tradicionais, a iniciação é demorada, com discrição no recinto dos terreiros e não havendo cerimônias públicas. Poucos integrantes recebem os graus elevados ou iniciação completa. Em alguns recintos sagrados do culto somente os mais graduados podem penetrar. O transe, durante os cultos, é percebível às vezes, apenas por pequenos detalhes das vestimentas dos médiuns.

A discrição existente tanto no comportamento quanto no transe é uma característica marcante no Tambor de Mina, o que leva muitos considerarem como a “maçonaria dos negros”.

Em muitas casas, no inicio do transe, a entidade dá muitas voltas ao redor de si mesmo, no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, talvez para firmar o transe, numa dança de bonito efeito visual. Normalmente quando o médium entra em transe recebe um símbolo, como uma toalha branca amarrada na cintura ou um lenço, denominado pana, enrolado na mão ou no braço.

Existem dois modelos principais de Tambor de mina no Maranhão: mina jêje e mina nagô.

O primeiro parece ser o mais antigo e se estabeleceu em torno da Casa grande das Minas Jêje, não possui casas que lhe sejam filiadas, daí porque nenhuma outra siga completamente seu estilo. Nesta casa os cânticos são em língua jeje (Ewê-Fon) e só se recebem divindades denominadas de voduns, mas apesar dela não ter casas filiadas, o modelo do culto do Tambor de Mina é grandemente influenciado pela Casa das Minas.

Os voduns da Casa das Minas, de quem se conhecem os nomes de aproximadamente sessenta, agrupam-se em três famílias principais e duas que são hóspedes da casa, a saber: a família real de Davice, a que pertence o vodum dono da casa, Zomadônu e outros, que como ele são relacionados com a família real do Daomé, como: Dadarrô, Docú, Bedigá, Sepazin, Agongônu, Toçá, Tocé, Jogorobossú; a família de Quevioçô (dos voduns chamados nagôs), como Badé, Sobô, Lôco, Liçá, Averequête, Abê e outros; a família de Dambirá (que cura a peste e outras doenças), chefiada por Acossi Sakpatá e que incluí entre outros Azíli, Azônce, Polibojí, Lepon, Alôgue, Ewá, Bôça e Boçucó. Existem ainda voduns agrupados na família de Aladanu, hóspedes de Quevioçô, como Ajaúto e Avrejó e da família de Savaluno, hóspede de Zomadônu, como Agongonu e Jotim. Cada família ocupa uma parte específica da casa e tem cânticos, comportamentos e atividades próprias. Na Casa das Minas as vodunsis só recebem um vodum e só dançam quando estão com ele. Durante o transe os voduns não comem, não bebem, não satisfazem necessidades fisiológicas, cantam e dançam com os olhos abertos, conversam entre si e com devotos, dão conselhos e alguns gostam de fumar.

Na mina-jeje os toques são realizados por três tambores com couro numa só boca (hum, humpli e gumpli), batidos com a mão e com aguidaví. São também acompanhados pelo ferro (gã) e por cabaças pequenas revestidas de contas coloridas. Nas festas as vodunsis em transe, usam saias lisas na mesma cor ou estampada, blusa branca rendada, toalha branca bordada amarrada no seio ou na cintura, guias e rosários de miçangas pequenas coloridas em que predominam o marrom (gonjeva), carregam na mão um lenço branco pequeno e usam sandália. Algumas usam símbolo do seu vodum, como bengala, rebenque, guizos, lenço colorido no ombro e cabelos soltos.

Já o mina-nagô, que é quase contemporâneo e que também continua até hoje é o da Casa de Nagô, localizada no mesmo bairro (São Pantaleão) a uma quadra de distância.

Na Casa de Nagô as vestimentas são semelhantes as da mina-jeje, bem como características gerais da iniciação e de discrição no culto. Nos toques canta-se em nagô para voduns jejes (Doçu, Averequete, Ewá, Nanaburuku, Légo Xapanã) e orixás nagôs (Ogum, Xangô, Badé, Lôco, Iemanjá) e em português para as entidades gentis e caboclos (Dom Luís, Dom João, Dom Sebastião, Tio Zezinho; Rei da Turquia, Caboclo Velho, Princesa D’ Oro, Guerreiro, Mariana, Manuelzinho, João da Mata e muitos outros).

Nas demais casas de tambor de mina do Maranhão, difundiu-se o modelo da Casa de Nagô. Cultuam-se voduns, orixás e caboclos. Cantam-se em nagô e também em português. As vodunsis recebem um ou dois voduns principais e vários caboclos. Os toques são sobre dois tambores (abatás) com couro nas duas bocas, deitados sobre cavaletes, acompanhados pelo ferro, uma cabaça grande e várias pequenas.

No Tambor de Mina quase 90 por cento dos participantes do culto são do sexo feminino, sendo assim pode-se perceber que existe um matriarcado nesta religião. Os homens desempenham a função de tocadores de tambores ou abatazeiros, e algumas atividades como o sacrifício de animais e do transporte de certas obrigações.

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